Críticas e Propostas de Mudança
As alterações nas regras de licenciamento ambiental, recentemente aprovadas pelo Congresso Nacional, foram alvo de duras críticas por parte da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. Segundo ela, a sanção do projeto poderá resultar em uma verdadeira “demolição” da legislação ambiental do Brasil. Marina expressou suas preocupações em entrevistas concedidas a veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), incluindo a Agência Brasil, Rádio Nacional e TV Brasil, na sexta-feira (25).
A ministra afirmou: “Estamos nos encaminhando para implementar mudanças estruturais no Projeto de Lei nº 2.159, que visa criar a Lei Geral do licenciamento ambiental. A maneira como o projeto foi aprovado não traz benefícios, nem para o licenciamento ambiental, nem para a agilidade dos processos que ocorrem nos órgãos de licenciamento em níveis estadual, federal e municipal.”
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Conforme Marina, equipes técnicas dos ministérios envolvidos estão elaborando sugestões que serão apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o intuito de reverter o que ela considera uma “demolição” da legislação. Entretanto, a ministra não detalhou quais mudanças estão sendo discutidas.
Projeto de Lei em Debate
O projeto de lei, que agora aguarda a sanção do presidente, propõe uma simplificação dos procedimentos de licenciamento ambiental, incluindo a criação de novos tipos de licenças e a redução dos prazos de análise. O presidente Lula tem até o dia 8 para sancionar ou vetar o texto, que foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 17.
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Defensores da proposta, como o deputado Zé Vitor (PL-MG), relator do projeto na Câmara, argumentam que as novas regras trarão maior clareza e objetividade ao processo de licenciamento ambiental, promovendo o desenvolvimento econômico no país. Entretanto, críticos, incluindo a própria Marina, alertam que a iniciativa poderá comprometer a proteção ambiental, facilitando a aprovação de projetos que podem causar danos significativos ao meio ambiente.
Marina Silva declarou: “É fundamental entender que, neste cenário, estamos diante de uma ação que visa limitar as capacidades do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], do ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade] e da Polícia Federal.” A ministra enfatizou que a sanção do projeto como está proposta atualmente seria prejudicial ao meio ambiente.
Impactos e Consequências
Outro ponto levantado por Marina foi a possibilidade de que cada município estabeleça suas próprias regras de licenciamento ambiental, o que, segundo ela, pode resultar em uma verdadeira “guerra” regulatória, onde normas mais brandas podem ser adotadas para atrair investimentos. “Isso vai resultar em uma pressão por menos preservação. As autoridades locais podem se sentir compelidas a oferecer condições mais favoráveis ao capital, o que pode gerar um rebaixamento das normas de licenciamento ambiental,” explicou.
A ministra também alertou que essas mudanças podem interferir negativamente em acordos comerciais internacionais, como o pacto entre a União Europeia e o Mercosul. Marina lembrou que, conforme declaração do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sua proposta de taxação de 50% sobre produtos brasileiros estava relacionada a preocupações com questões ambientais no Brasil. “Os impactos das legislações locais podem, portanto, reverberar em mercados internacionais”, concluiu a ministra.