ferrovia bioceânica: Uma Decisão Estratégica
Em uma audiência realizada na última terça-feira (12), a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, descartou a possibilidade de a ferrovia bioceânica passar por Cruzeiro do Sul, no Acre. A rota oficial vai seguir pelo traçado da BR-317, em direção a Assis Brasil, que faz fronteira com o Peru. Essa decisão foi tomada após intensos diálogos com autoridades peruanas, que deixaram claro que não há condições políticas para a construção de um trecho que atravessasse terras indígenas no país vizinho.
Tebet enfatizou os desafios que as questões ambientais e diplomáticas impõem. Segundo ela, a realidade no Peru é distinta da do Brasil, onde há uma identidade mais clara em relação às áreas protegidas. “Lá, não é possível um governo transitar por reservas indígenas, pois isso mobiliza a população inteira”, observou, mencionando as conversas que teve com o ministro dos Transportes do Peru.
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Desafios e Oportunidades para o Brasil
No cenário brasileiro, mesmo que houvesse a possibilidade de contornar reservas ambientais com desvios de 20 a 30 km, a ministra alertou que os Estudos de Impacto Ambiental (EIA) poderiam prolongar o projeto em anos. “Ao seguir a BR-317, conseguimos ganhar tempo e evitar embargos judiciais”, afirmou Tebet, que também fez menção a experiências anteriores em outros estados, como Mato Grosso e Bahia, onde licenciamentos complexos atrasaram projetos de infraestrutura.
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Durante a audiência, o senador Alan Rick questionou a ministra sobre a viabilidade de uma estrada ligando Marechal Thaumaturgo, no Acre, a Puerto Inca, no Peru. Tebet não rejeitou a ideia, mas reiterou que a prioridade no momento é a construção da ferrovia. Ela sugeriu que, após a conclusão da infraestrutura principal, prevista para 2030, novas rotas poderiam ser planejadas, incluindo possíveis conexões com a Bolívia. “Nada impede que, com o tempo, possamos criar uma ferrovia complementar em Cruzeiro do Sul”, ponderou.
Prazo e Modelo de Concessões
A ministra assegurou que a construção da ferrovia ao longo da BR-317 tem previsão de conclusão em cinco anos, com a participação de empresas do setor privado, como VALE e FICO. “Se seguirmos este trajeto, evitamos os complicados processos de licenciamento e também as paradas judiciais”, justificou.
O governo continua avaliando a melhor forma de envolver a iniciativa privada e explorar conexões rodoviárias secundárias. Contudo, a mensagem é clara: o Acre terá sua integração bioceânica garantida, mas por um caminho que seja mais eficiente e menos burocrático.