Mãe Assassinada, Bebê Desaparecida: O Enigma Que Intriga a Cidade
O Conjunto Habitacional Cidade do Povo, em Rio Branco, Acre, vive um mistério que assombra a população e desafia as autoridades locais. Desde março deste ano, a pequena Cristina Maria, com apenas 8 meses, está desaparecida. Tragicamente, sua mãe, Yara Paulino da Silva, de 28 anos, foi brutalmente assassinada após rumores de que teria matado a própria filha. As investigações, conduzidas pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), revelam um cenário repleto de subnotificações, conjecturas e lacunas que dificultam a resolução deste caso.
O delegado Alcino Júnior, que lidera as investigações, enfatiza que o desaparecimento de Cristina só se tornou conhecido após o brutal assassinato de Yara. “A gente teve um delay muito grande entre o desaparecimento e a notícia do fato. Se a Yara não tivesse sido morta, ninguém nunca ia saber do desaparecimento porque ele não tinha sido notificado”, declarou em entrevista ao ac24horas.
Outro fator que complica a busca pela criança é a ausência de um registro civil, já que Cristina Maria não possuía documentos oficiais como certidão de nascimento. Essa situação agrava ainda mais a situação, tornando as buscas mais complicadas desde o início.
Antes de ser assassinada, Yara informou aos vizinhos que sua filha mais nova havia desaparecido, acusando o ex-marido, Ismael Bezerra Freire, de tê-la levado sem autorização. A foto da bebê, descrita como branca com olhos e cabelos castanhos, circulou em grupos de mensagens na vizinhança, gerando um clamor por informações.
No dia 26 de março, a Polícia Civil incluiu os dados de Cristina Maria na plataforma Amber Alert, uma iniciativa do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em um esforço para localizá-la.
Teorias e Pistas Inconclusivas Sobre o Desaparecimento
A investigação sugere que Cristina Maria possa ter sido “doada” ou entregue a terceiros, uma possibilidade levantada pelo próprio delegado Alcino Júnior. “A gente acredita que essa criança possa ter sido doada ou, de alguma maneira, concedida a terceiros e que a mãe poderia ter voltado atrás nessa decisão”, explicou. O que levanta ainda mais suspeitas é o fato de que a retirada da criança não parece ter sido um ato impulsivo, pois suas roupas e pertences também foram levados, indicando um planejamento prévio.
No entanto, essa teoria ainda carece de confirmação através de depoimentos. O delegado destacou a estranheza da reação do pai, Ismael Bezerra, que tem mantido silêncio sobre o assunto. “Não foi comprovada a participação do pai no desaparecimento. Ele sempre fica em silêncio sobre isso, o que leva a gente a estranhar a reação dele, o comportamento”, afirmou.
Ismael Bezerra encontra-se preso preventivamente desde abril, junto com outras oito pessoas, sendo apontado como participante do assassinato de Yara. Segundo os detalhes das investigações, ele estava presente na residência onde Yara foi linchada e não tomou providências para impedir o ato, embora não exista evidência de que tenha propagado o rumor de que ela teria matado a filha.
Questões de Subnotificação e Omissões que Complicam a Investigação
Um dos aspectos mais intrigantes desse caso é a demora em comunicar às autoridades o desaparecimento da criança. Yara não buscou a polícia durante quase 30 dias após o sumiço de Cristina Maria, optando por se dirigir a uma facção criminosa local. Por sua vez, Ismael também não registrou nenhum boletim de ocorrência, mesmo ciente do desaparecimento. “O que leva a gente a estranhar é a maneira muito resiliente como ele trata esse assunto. Ele não procurou as autoridades, mesmo 30 dias depois”, enfatizou o delegado Alcino.
A falta de documentação oficial da bebê no momento do desaparecimento reforça a complexidade do caso. “Ela foi registrada depois que a mãe morreu. Não é um desaparecimento ou um rapto comum”, destacou o delegado. A ausência de documentação e informações concretas impõe desafios às autoridades na busca pelo paradeiro da criança.
O assassinato de Yara Paulino da Silva, ocorrido em março, pode ter raízes em rumores de que ela teria matado a própria filha. O delegado sugere que a disseminação de fake news pode estar ligada ao suposto arrependimento de Yara sobre a entrega da criança, um fator que pode ter contribuído para sua morte. Ismael Bezerra e outros suspeitos foram presos em uma operação da Polícia Civil, com acusações de envolvimento na brutalidade.
As investigações revelam que o linchamento de Yara começou na presença de Ismael, que não apenas consentiu, mas também não impediu as agressões.
Quase seis meses após o desaparecimento de Cristina Maria e o assassinato de Yara, as autoridades continuam em busca de respostas. Embora a investigação sobre Yara tenha sido finalizada, o paradeiro da criança permanece incerto. A Polícia Civil prossegue na busca por pistas. “É um caso muito complexo. A criança sumiu com suas coisas, e ninguém notificou as autoridades na época. Só soubemos porque a mãe foi assassinada”, resumiu o delegado Alcino Júnior.