Desigualdades no Acesso ao saneamento Básico
Um dos principais desafios enfrentados pelo Acre nos próximos anos é a ampliação da rede de esgoto, uma vez que menos da metade dos domicílios do estado estão conectados a esse serviço essencial. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 22 de setembro, aproximadamente 57,4% dos cerca de 272 mil domicílios acreanos não têm acesso à rede geral de esgoto. Isso significa que, em média, seis em cada dez lares ainda utilizam práticas de destinação de esgoto inadequadas, como fossas rudimentares. Este cenário alarmante destaca a urgência de se implementar políticas públicas voltadas para a melhoria da infraestrutura sanitária.
A situação do abastecimento de água no estado também é preocupante. Apenas 60,8% dos domicílios acreanos têm acesso à rede de abastecimento de água, um índice que sobe para 67,9% na capital, Rio Branco. Apesar de serem números abaixo da média nacional, que é de 86,3%, a capital apresenta melhores condições em comparação ao interior do estado, ressaltando as disparidades regionais.
Crescimento da Rede de Abastecimento de água
Entre 2019 e 2024, a evolução no número de domicílios com acesso à rede de água no Acre foi significativa. O número de residências conectadas à rede geral aumentou de 138 mil para 171 mil, representando um crescimento de quase 24%. Esse aumento acompanha a tendência regional e indica um esforço para melhorar a cobertura de serviços básicos. Em Rio Branco, a situação foi ainda mais favorável. A capital passou de 77 mil para 90 mil domicílios conectados à rede, com um crescimento de aproximadamente 17% no mesmo período, consolidando-se como a área com a melhor infraestrutura de abastecimento.
Contudo, essa evolução não é suficiente para cobrir as necessidades da população. Embora o Brasil tenha registrado avanços no acesso à rede de abastecimento de água, as desigualdades regionais se tornam evidentes, especialmente na Região Norte. O Acre, assim como sua capital, apresenta índices que ainda estão aquém do padrão nacional. A necessidade de investimentos significativos em infraestrutura de saneamento básico se faz premente para melhorar a qualidade de vida da população.
Desafios no Esgotamento Sanitário
Ao analisar a situação do esgotamento sanitário no Acre e em Rio Branco entre 2019 e 2024, os dados revelam uma evolução, mas também desafios persistentes. O número total de domicílios no Acre subiu de 242 mil para 272 mil, demonstrando um crescimento habitacional. Na capital, o aumento também foi notável, com a quantidade de lares passando de 119 mil para 132 mil.
O acesso à rede geral ou pluvial, que é considerado o método mais adequado de esgotamento, também cresceu no Acre, passando de 89 mil domicílios em 2019 para 116 mil em 2024, um incremento de 30%. Em Rio Branco, o avanço foi ainda mais expressivo, com o número de domicílios ligados a esse sistema subindo de 80 mil para 96 mil. Esses dados confirmam uma tendência de maior cobertura urbana, embora a realidade ainda exija atenção.
Por outro lado, o uso de fossas sépticas ligadas à rede, uma solução que tinha apresentado crescimento até 2022, observou uma queda em 2024 no Acre, com números caindo de 23 mil para 19 mil. Em Rio Branco, o cenário foi similar, passando de 18 mil para 13 mil. Essa diminuição pode sugerir dificuldades na manutenção da infraestrutura existente.
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Perspectivas Futuras e Necessidade de Ações
É crucial que o Acre e sua capital enfrentem esses desafios com seriedade. Embora tenha havido avanços no acesso à rede de esgoto e abastecimento de água, ainda persiste um elevado número de domicílios que utilizam métodos inadequados de esgotamento, especialmente no interior do estado. O aumento nas soluções precárias, como o despejo a céu aberto, levanta preocupações significativas em relação à saúde pública. Assim, o emprego de políticas públicas consistentes e investimentos robustos se torna fundamental para garantir a universalização do saneamento básico, elemento essencial para a melhoria das condições de vida da população.