Um Novo Capítulo na Política Nacional
No último sábado, 16, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), anunciou sua pré-candidatura à Presidência da República em 2026 durante o Encontro Nacional do partido, realizado na Zona Sul de São Paulo. Em um discurso contundente, Zema não poupou críticas à administração do Partido dos Trabalhadores (PT) e ao sistema judiciário, enfatizando os resultados de sua gestão como governador.
“Estamos prontos para chegar a Brasília e eliminar o PT do mapa”, declarou. O governador acentuou que o “lulismo está arruinando o Brasil” e que é hora de “virar essa página”. A retórica também mirou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), onde Zema denunciou o que chamou de “perseguições e abusos” vindos da corte.
Com um discurso firme, Zema se consolidou como uma das principais figuras da direita nas próximas eleições e planeja intensificar suas viagens pelo Brasil nos meses que se seguem. Apesar da declaração de pré-candidatura, ele reconheceu que “ajustes” poderão ser discutidos durante a campanha com outros partidos. Ao ser indagado sobre a possibilidade de trocar a liderança da chapa por uma candidatura a vice-presidente, Zema respondeu que isso dependeria das conversas com outras legendas.
“Vejo essas mudanças na política com naturalidade. Isso depende muito das conversas entre os partidos. Às vezes, os candidatos são considerados, outras vezes não. Contudo, nosso objetivo é nos mantermos como candidatos”, afirmou. Zema também elogiou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Tarcísio é competente, trabalho bem com ele e o admiro. Sua aprovação em São Paulo é excepcional e temos propostas em comum”, acrescentou.
Desafios e Críticas ao Bolsa Família
Indagado sobre como conquistaria votos no Nordeste, Zema admitiu que é um desafio, especialmente para a direita, e aproveitou a oportunidade para criticar o Bolsa Família. “Depois de mais de 20 anos, o brasileiro percebe que receber o Bolsa Família eternamente não melhora sua vida. Isso perpetua uma existência precária, sem dignidade e sem futuro. Acredito em emprego”, disse. Ele ressaltou que a mudança ocorrerá quando o Nordeste despertar para essa realidade.
O governador propôs a criação de um “mecanismo de desmame” do Bolsa Família, defendendo que é mais vantajoso investir em quem está trabalhando do que manter subsídios prolongados. “É preferível pagar o Bolsa Família por três ou quatro anos a quem trabalha do que manter por trinta anos aqueles que apenas fazem bicos”, explicou Zema, criticando a falta de qualificação no emprego informal.
O evento contou com a presença de diversas figuras do Novo, incluindo o presidente da legenda, Eduardo Ribeiro, e deputados federais como Marcelo Van Hattem e Ricardo Salles.
Uma Visão Crítica sobre o BRICS
Em seu discurso, Zema não hesitou em criticar o presidente Lula, alegando que o “lulismo está afundando o Brasil” e que a economia nacional cresce “à base de anabolizantes”. Ele também se manifestou a favor da saída do Brasil do BRICS, argumentando que a colaboração entre as nações que compõem esse grupo não faz sentido geográfico. “O BRICS é como uma colcha de retalhos, um Frankenstein”, disparou Zema, sugerindo que o Brasil deveria se alinhar mais com “nações democráticas ocidentais” que compartilham raízes culturais com nosso país.
“Isso não significa que deixaremos de comerciar com esses países. Podemos estabelecer acordos bilaterais com a Índia, China e Rússia, enquanto fortalecemos uma união regional que faz realmente sentido. Estar mais próximo da Europa e da América do Norte é mais relevante em termos culturais e democráticos”, concluiu Zema.
Consolidando Espaço na Direita
O movimento de Zema surge em um momento em que governadores buscam se organizar em torno de uma frente política para ocupar o espaço deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível e em prisão domiciliar. O governador se junta a outros potenciais candidatos da direita, como Ronaldo Caiado, Ratinho Júnior e Eduardo Leite, que também estão se movimentando para a disputa.
Recentemente, esses governadores participaram de um encontro para discutir estratégias conjuntas e já agendaram um novo jantar para a próxima terça-feira, 19, com o presidente do União Brasil, Antonio de Rueda. Ao contrário de outros candidatos, Zema não espera o aval de Bolsonaro para a sua candidatura. Ele se reuniu com o ex-presidente no mês passado apenas para informá-lo de sua decisão.
No entanto, Zema enfrentará desafios em sua pré-campanha, já que o Novo terá limitações orçamentárias e, por não ter superado a cláusula de barreira, não terá acesso ao horário eleitoral gratuito em rádio e televisão, a menos que realize coligações. Apesar disso, as lideranças do partido acreditam que Zema está melhor posicionado entre os governadores, considerando que Tarcísio aguarda definições de Bolsonaro e que Caiado lida com divergências internas no União Brasil, que ainda faz parte do governo Lula.