Preparação para 2026
No último sábado, 16 de setembro, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do partido Novo, anunciou oficialmente sua pré-candidatura à Presidência da República para as eleições de 2026. O evento ocorreu durante o Encontro Nacional do Novo, realizado na Zona Sul de São Paulo. Em seu discurso, Zema não poupou críticas à gestão do PT e ao funcionamento do judiciário, destacando os resultados de sua administração em Minas Gerais.
“Nós vamos chegar a Brasília para varrer o PT do mapa”, declarou o governador, ressaltando que o “lulismo está destruindo o Brasil” e que mudanças são urgentes. Zema também se alinhou a críticas direcionadas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), referindo-se a ele como um símbolo de abusos e perseguições judiciais.
Posicionamento político forte
Com um discurso cada vez mais contundente, Zema se posiciona como um dos candidatos mais à direita para o pleito do próximo ano, com planos de intensificar suas viagens pelo Brasil nos meses seguintes. Ao ser questionado sobre a possibilidade de abrir mão de sua candidatura para concorrer como vice-presidente, Zema afirmou que isso dependerá de negociações com outros partidos.
Ele explicou: “Vejo com naturalidade as mudanças na política. As decisões muitas vezes não são previsíveis. Mas, por ora, estou comprometido em permanecer como candidato”. O governador também elogiou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mencionando sua competência e a boa relação entre eles, além de concordar que ambos têm propostas semelhantes.
Críticas ao Bolsa Família e Propostas para o Nordeste
Durante sua fala, Zema não hesitou em comentar sobre a dificuldade de conquistar votos no Nordeste, um desafio histórico para a direita. “Os brasileiros perceberam que depender do Bolsa Família por décadas não melhora suas vidas. É uma perpetuação da pobreza e da falta de dignidade”, criticou. Segundo ele, é essencial criar mecanismos que incentivem a saída das pessoas do programa. “É preferível oferecer o Bolsa Família por mais alguns anos a quem realmente está trabalhando do que continuar a pagar por trinta anos para aqueles que apenas fazem bicos”, enfatizou Zema.
O governador argumentou que o apoio a empregos formais é o caminho para a dignidade e para uma vida melhor, ao contrário das ocupações informais que muitas vezes não proporcionam qualificação. “Trabalhar carregando cimento ou lavando carros não é garantia de futuro”, disse, defendendo a importância de um emprego estruturado.
Visões sobre o BRICS e a Política Internacional
Zema também aproveitou a oportunidade para criticar o governo Lula e a aliança do Brasil com o grupo BRICS, afirmando que essa união não faz sentido geográfico. “O BRICS é um Frankenstein”, afirmou, defendendo que o Brasil deveria se aproximar de nações democráticas ocidentais que compartilham raízes culturais mais próximas.
“Isso não significa que vamos deixar de fazer comércio com países como Índia, China e Rússia. Podemos assinar acordos bilaterais e ainda assim fortalecer parcerias com países da Europa e América do Norte, que possuem afinidades culturais e políticas conosco”, completou o governador.
Concorrência na Direita
O cenário político está se agitando com Zema e outros governadores da direita se organizando em torno de uma frente comum após a saída de Jair Bolsonaro da corrida eleitoral, visto que ele está inelegível. Além de Zema, nomes como Ronaldo Caiado (União-GO), Ratinho Júnior (PSD-PR), Eduardo Leite (PSD-RS) e Tarcísio de Freitas são cotados como pré-candidatos.
Na semana passada, esses governadores se reuniram para discutir estratégias conjuntas e já marcaram um novo encontro para o próximo dia 19, organizado pelo presidente do União Brasil, Antonio de Rueda. Zema, que não depende do aval de Bolsonaro nesta fase, já informou o ex-presidente sobre sua decisão de se candidatar.
Desafios para a Campanha
Apesar do anúncio de sua pré-candidatura, a campanha de Zema enfrentará desafios significativos, incluindo limitações orçamentárias. O Novo não conseguiu ultrapassar a cláusula de barreira e, assim, não terá acesso ao horário eleitoral gratuito em rádio e TV, a menos que se unam em coligações. Mesmo assim, a liderança do partido acredita que Zema está em uma posição vantajosa em comparação a outros concorrentes, como Tarcísio, que aguarda definições de Bolsonaro.
Essa corrida política promete ser intensa, e a trajetória de Zema será observada de perto, tanto pelos apoiadores quanto pelos críticos.