Na última segunda-feira, 16 de outubro, o deputado federal Coronel Ulysses, representando o União Brasil do acre, fez um pronunciamento impactante na tribuna da câmara dos deputados. Ele trouxe à tona os novos desdobramentos da crise que afeta produtores rurais na Reserva Extrativista Chico Mendes, localizada no acre. Após uma visita ao município de Xapuri no sábado anterior, o parlamentar trouxe uma série de denúncias alarmantes e descreveu a situação como “um dos períodos mais obscuros da história recente do país em relação ao desrespeito aos direitos fundamentais”.
Os relatos que Coronel Ulysses compartilhou refletem a gravidade da situação enfrentada pelos moradores da região. Segundo o deputado, os testemunhos revelam uma série de abusos perpetrados por agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (icmbio) durante operações de fiscalização. Entre os problemas mais sérios citados estão as expulsões de famílias de suas propriedades, realizadas sem a apresentação de mandados judiciais. Além disso, houve relatos de apreensões de gado e bens pessoais dos pequenos produtores, incluindo animais utilizados para transporte de carga, que foram enviados para abate em matadouros, sem qualquer garantia de indenização.
Durante sua visita a Xapuri, Coronel Ulysses buscou informações oficiais sobre as operações do icmbio, mas se deparou com uma resistência significativa. Acompanhado por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), ele se dirigiu à base das forças federais, que, ironicamente, estava instalada na propriedade de um dos produtores desapropriados. O deputado descreveu a cena como um “verdadeiro aparato de guerra”, com helicópteros, Força Nacional, Exército e servidores do icmbio armados e acampados em solo acreano. Ao tentar dialogar com um agente do icmbio sobre a operação, Ulysses recebeu a negativa para qualquer esclarecimento, sendo orientado a buscar informações apenas em Brasília.
Essa situação, segundo o deputado, evidencia a falta de transparência e o abuso de poder nas ações ambientais na Amazônia. Ulysses criticou ainda a influência de interesses internacionais na política ambiental brasileira, argumentando que as restrições impostas ao agronegócio nacional têm como objetivo proteger o mercado agrícola europeu, em detrimento dos produtores locais.
Diante desse cenário alarmante, Coronel Ulysses anunciou uma série de ações para confrontar a crise. Ele apresentou um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) visando sustar os atos administrativos do icmbio e protocolou um Projeto de Lei que busca a anistia para os produtores rurais que foram prejudicados pelas medidas recentes. Além disso, solicitou a convocação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para prestar esclarecimentos à Comissão de Agricultura da câmara dos deputados.
O parlamentar também revelou que pediu à sua assessoria técnica a elaboração de uma proposta para revisar as reservas extrativistas no Brasil, com o intuito de extinguir aquelas que não estão mais cumprindo suas funções econômicas, sociais e culturais. Essa iniciativa visa garantir que as reservas sejam efetivas e respeitem os direitos dos cidadãos que dependem delas para sua subsistência.
“Não irei me calar enquanto os direitos dos acreanos e dos produtores rurais estiverem sendo desrespeitados. Essa é uma luta que vou enfrentar até o fim”, afirmou o deputado, demonstrando seu compromisso com a defesa dos interesses dos produtores locais e a preservação dos direitos fundamentais. A situação na Reserva Extrativista Chico Mendes não é apenas um reflexo das tensões entre conservação ambiental e desenvolvimento econômico, mas também um chamado à ação para garantir que os direitos dos cidadãos sejam respeitados em todas as esferas da governança. A mobilização em torno dessa questão é crucial para assegurar que os interesses dos pequenos produtores e as comunidades locais sejam considerados nas políticas públicas, promovendo um equilíbrio entre preservação ambiental e justiça social.