Iniciativa da Saúde Pública Acreana Transformando Vidas com Transplantes
Desde sua implementação em 2006, o Serviço de Transplantes do Acre, coordenado pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) em colaboração com a Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre), tem impactado profundamente a vida de muitos acreanos. Ao proporcionar bem-estar, o programa devolve a esperança a pacientes transplantados, permitindo que eles reconstruam suas histórias e sonhem novamente com um futuro digno.
O Sistema Único de Saúde (SUS) no Acre realiza transplantes em quatro especialidades principais: rim, fígado, córnea e tecido ósseo. Até o momento, foram realizados com sucesso cerca de 557 procedimentos, dos quais 107 são renais, 340 de córnea, 108 hepáticos e 2 de tecido musculoesquelético.
Em 2025, a rede pública já contabiliza 28 cirurgias realizadas, com a expectativa de que esse número ultrapasse 50 até o final do ano. O investimento contínuo na iniciativa, especialmente nos últimos seis anos, tem fortalecido o programa, que visa oferecer mais oportunidades a quem precisa.
A enfermeira Valéria Monteiro, coordenadora do Serviço de Transplantes da Fundhacre, detalha a abrangência do suporte oferecido aos pacientes. “Nosso trabalho começa assim que o paciente é indicado para o transplante. Temos uma equipe multidisciplinar que inclui psicólogos, assistentes sociais e enfermeiras, que acompanham o paciente durante todo o processo. Cada exame pré-transplante é agendado com a participação de todos os profissionais envolvidos”, explica.
Crucial Processo Pré-transplante
Antes do procedimento, os pacientes passam por uma série de exames, como coletas de sangue e eletrocardiogramas, para garantir que estão aptos para a cirurgia. Ao mesmo tempo, a equipe médica busca localizar o órgão necessário, sempre respeitando que, no Brasil, a doação só ocorre com a autorização familiar e cada órgão é liberado de forma individual.
Os órgãos doados no Acre são prioritários para pacientes locais. Caso não haja compatibilidade, a doação pode ser oferecida a estados vizinhos. Os pacientes permanecem na fila até que um doador compatível seja encontrado.
Valéria ainda destaca a importância de ampliar os transplantes na Saúde pública, enfatizando: “Quanto mais tipos de transplantes realizarmos, maior será o acesso da população aos tratamentos que salvam vidas.”
O governador Gladson Camelí reforça que os transplantes representam a esperança para milhares de pessoas, ressaltando a doação de órgãos como um ato necessário de amor e solidariedade que deve ser promovido por toda a sociedade. “Estamos avançando na estrutura de Saúde e na conscientização sobre a doação. É nosso compromisso apoiar políticas que ampliem o acesso aos transplantes e salvem vidas”, afirma.
O titular da Sesacre, Pedro Pascoal, menciona o esforço contínuo do governo para garantir recursos que possibilitem a realização dos transplantes com segurança e eficiência. “O Acre se destaca na Região Norte e no Brasil, mas o desafio logístico permanece, pois 80% dos transplantes realizados aqui dependem de doações externas”, explica.
Um caso inspirador é o de Edson Lima, um jovem de 14 anos que, diagnosticado com a Doença de Wilson, precisou de um transplante de fígado. Sua mãe, Aurinéia Lima, conta que a notícia de que a cirurgia seria possível trouxe alegria à família. “Hoje, ele é um menino saudável e seguimos com o acompanhamento semanal na Fundhacre”, relata.
O Dia Nacional da doação de órgãos, celebrado em 27 de setembro, e a campanha Setembro Verde promovem a conscientização sobre a doação e incentivam conversas familiares sobre o tema. Ketiene Martins, da Organização de Procura de Órgãos (OPO), destaca o progresso na compreensão da população sobre a doação, embora ainda haja desafios. “A educação e a divulgação de informações corretas são essenciais para que mais vidas sejam salvas”, afirma.
O Impacto do Plano Estadual de Doação e Transplantes
Recentemente, o Acre recebeu apoio federal com a homologação do Plano Estadual de Doação e Transplantes (PEDT). Essa iniciativa visa estruturar de maneira mais eficiente a rede de doação e transplantes, facilitando o acesso da população e potencializando o sucesso dos procedimentos.
Com o apoio da Sejusp e, em algumas ocasiões, da Força Aérea para a captação de órgãos, o Acre tem trabalhado para acelerar os processos, já que mais de 200 pacientes estão na fila de espera por um transplante. “O primeiro passo é a doação; cada sim pode salvar vidas”, complementa a presidente da Fundhacre, Soron Steiner.
Em 2025, o Acre comemorou a realização de seu 100º transplante de fígado, um marco significativo que reflete investimentos e esforços contínuos da Saúde pública. O paciente Lúcio César Nepomuceno, que passou pelo transplante, expressou sua gratidão, dizendo: “O transplante me deu uma nova vida. É um privilégio saber que outras pessoas também terão essa chance.”
Finalmente, o governador Camelí destaca que cada autorização familiar representa um ato de amor que pode salvar até oito vidas. “Transformar a dor em esperança é o que buscamos com cada doador, e isso é algo que merece ser reconhecido e celebrado”, conclui.