Oportunidades e Desafios do PIX
O PIX, uma verdadeira revolução financeira que transformou as transações no Brasil, agora está no centro de uma investigação promovida pelo governo dos Estados Unidos. O sistema de transferências instantâneas, desenvolvido pelo Banco Central, ganhou notoriedade mundial, mas se vê frente a um questionamento sobre suas práticas consideradas desleais. Na noite de terça-feira, 15 de agosto, o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR) anunciou a abertura de um processo, a pedido do presidente Donald Trump.
A declaração do USTR aponta que “o Brasil parece se envolver em uma série de práticas desleais relacionadas a serviços de pagamento eletrônico, favorecendo seus sistemas desenvolvidos pelo governo”. A investigação se concentra na questão de que o PIX, por ser gratuito, poderia estar prejudicando instituições financeiras que investiram em suas próprias soluções de pagamento.
O g1 buscou esclarecimentos junto ao Banco Central e à Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre se a gratuidade do PIX poderia ser considerada uma prática desleal. Entretanto, até a última atualização desta reportagem, não houve retorno das instituições.
Recordes de Uso e Impacto do PIX em 2024
Desde seu lançamento em novembro de 2020, durante o auge da pandemia de Covid-19, o PIX alcançou marcos impressionantes. Em 2024, o volume total de transferências através do sistema atingiu R$ 26,46 trilhões, um aumento de 54,6% em comparação com os R$ 17,12 trilhões registrados em 2023, segundo dados do Banco Central. Além disso, o número de transações também quebrou recordes, com 63,5 bilhões de operações realizadas no último ano.
Na comemoração de seu quarto aniversário, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Gomes, destacou que o Brasil está próximo de alcançar uma adoção total do PIX entre a população adulta. “O que mais impressiona é o uso do PIX por pequenos comerciantes e microempreendedores, que antes enfrentavam dificuldades para oferecer pagamentos digitais. Essa ferramenta possibilitou novos modelos de negócios e inclusão financeira em áreas remotas”, afirmou Gomes.
Novidades e Futuro do PIX
Apesar da polêmica, o Banco Central segue avançando com inovações para o PIX. Em outubro do ano passado, foi lançada a modalidade de PIX Agendado Recorrente, permitindo que usuários programem pagamentos mensais de forma automatizada, ideal para situações como o pagamento de aluguel. Recentemente, algumas instituições financeiras começaram a oferecer o PIX por aproximação, que permite pagamentos com apenas a aproximação do celular à maquininha de cartão.
Além disso, em junho deste ano, foi introduzido o PIX Automático, voltado para contas recorrentes como água, luz e mensalidades escolares. O Banco Central também está trabalhando para implementar o chamado “PIX Garantido”, que permitirá o parcelamento de compras, uma alternativa atrativa para cerca de 60 milhões de brasileiros que utilizam o cartão de crédito.
Sobre o futuro do PIX fora do Brasil, a expectativa é que o sistema se expanda para transações internacionais definitivas. Atualmente, o PIX já é aceito em países como Argentina, Estados Unidos (Miami e Orlando) e Portugal (Lisboa), mas a utilização ainda é considerada parcial. “Buscamos interligar os sistemas de pagamento instantâneos entre países”, concluiu Renato Gomes, do Banco Central.