Decisão Judicial Favorável à Argentina
Um tribunal de apelações de Nova York decidiu, na última sexta-feira (15), aceitar o pedido do governo argentino e suspender a entrega de 51% das ações da YPF. Essa decisão permanece válida enquanto o tribunal analisa os recursos relacionados à ordem anterior que exigia que o país indicasse o pagamento de indenizações a duas empresas afetadas pela nacionalização da estatal petrolífera.
A YPF, uma empresa petroquímica estatal foi nacionalizada em 2012 durante a presidência de Cristina Kirchner. Na ocasião, a Argentina assumiu o controle de 51% da companhia, que era parcialmente controlada pelo conglomerado espanhol Repsol. Este último recebeu uma indenização de cerca de US$ 5 bilhões, o equivalente a R$ 10,2 bilhões na época, dois anos depois da nacionalização.
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No entanto, os acionistas minoritários, como Petersen Energía e Eton Park Capital, não foram compensados, o que levou à movimentação judicial em 2015. Eles alegaram que a Argentina não cumpriu a obrigação de realizar a oferta pública de aquisição (OPA) conforme exigido pela legislação.
Após uma decisão desfavorável à Argentina em setembro de 2023, a juíza federal norte-americana Loretta Preska ordenou, em 30 de junho, que 51% das ações da YPF fossem entregues. Esta medida tinha como intuito garantir o pagamento de aproximadamente US$ 16,1 bilhões (cerca de R$ 86,8 bilhões) a duas empresas que na época possuíam 25,4% do capital da petroleira antes de sua nacionalização.
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Frente a esta decisão, a Argentina decidiu recorrer e pediu a suspensão da ordem judicial, um pedido que foi acolhido por um tribunal de apelações de Nova York nesta última sexta-feira. Em sua deliberação, Catherine O’Hagan Wolfe, secretária do Tribunal do Segundo Circuito de Manhattan, afirmou: “Após a devida consideração, por meio desta, ordena-se que sejam aceitas as moções de suspensão e que as ordens do tribunal distrital de 30 de junho de 2025 fiquem suspensas enquanto se resolvem as apelações.”
A administração do presidente Javier Milei comemorou a decisão como uma vitória, afirmando que ela “garante que a República Argentina mantenha a participação majoritária do Estado Nacional na companhia enquanto avança a apelação”. A gestão ainda ressaltou que a decisão judicial não interfere no andamento da apelação de mérito contra a sentença proferida em setembro de 2023.
Esse desdobramento se dá em um contexto de debates acalorados sobre a gestão do setor de petróleo na Argentina, onde questões de nacionalização e indenizações têm gerado polêmica e divisões. O caso traz à tona a complexidade das relações entre o governo argentino e os investidores internacionais, refletindo um cenário que continua a evoluir.
Além disso, a situação não é uma novidade na política Argentina, que já enfrentou desafios semelhantes em diversos momentos da sua história recente. Assim como em ocasiões passadas, a tensão entre interesses privados e públicos se torna evidente, o que pode desencadear novas discussões sobre a direção futura da política energética no país.