Decisão Judicial e Contexto do Crime
A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre decidiu, de forma unânime, manter a prisão de um homem acusado de torturar um indígena na cidade de Tarauacá. O pedido de Habeas Corpus da defesa foi negado e a decisão foi oficializada na edição do Diário da Justiça do dia 29 de setembro.
O crime ocorreu em março de 2025 no bairro Triângulo, onde, conforme as investigações, o réu, com a ajuda de comparsas, teria submetido a vítima a agressões físicas severas como parte de uma punição imposta por uma organização criminosa. O laudo do Exame de Corpo de Delito confirmou os ferimentos graves sofridos pelo indígena.
No andamento do processo, os desembargadores enfatizaram que os castigos físicos aplicados em situações de “tribunais do crime” configuram tortura e representam um perigo real para toda a comunidade. A decisão ressalta que a atuação dos implicados provoca um “verdadeiro terror” entre a população, caracterizando uma violação dos direitos humanos e gerando insegurança e instabilidade social.
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Justificativas para a Manutenção da Prisão
A desembargadora Denise Bonfim, relatora do caso, destacou que há evidências robustas que sustentam a materialidade do crime e indicam a participação do acusado. Em sua análise, a prisão preventiva é essencial para garantir a ordem pública e evitar tanto novas atividades criminosas quanto a possibilidade de fuga do suspeito.
Assim, o pedido da defesa foi indeferido, e o acusado permanecerá sob custódia, aguardando o desdobramento do caso.
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Essa decisão reflete uma postura firme do Judiciário em relação a crimes que atingem comunidades vulneráveis, como os indígenas, e a necessidade de um sistema de justiça que não apenas puna, mas também proteja os direitos fundamentais dos indivíduos.
Atividades do Tribunal de Justiça do Acre
Além desse caso, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) programou uma Sessão Itinerante nos dias 2 e 4 de setembro. As sessões ocorrerão na Comarca de Cruzeiro do Sul e na Comarca de Tarauacá, respectivamente. Essas iniciativas visam aproximar a Justiça da população e permitir que os cidadãos acompanhem de perto o funcionamento do Judiciário.
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Durante as Sessões Itinerantes, toda a estrutura do tribunal é replicada para garantir que a comunidade tenha acesso aos julgamentos e possa entender melhor como funciona o sistema judiciário. O evento contará com a presença de desembargadores, membros do Ministério Público e espaços para a advocacia e para estudantes de Direito.
Segundo palavras do desembargador Francisco Djalma, presidente do Colegiado, a Sessão Itinerante é uma oportunidade valiosa para a população conhecer de perto o funcionamento da Justiça de 2º grau e valoriza o acesso equitativo à Justiça em diferentes realidades regionais. “É uma chance de aproximação entre o Judiciário e a sociedade”, afirmou.
As sessões buscam não apenas discutir casos, mas também educar a comunidade sobre o papel do Judiciário, promovendo um ambiente de aprendizado e diálogo entre os cidadãos e o sistema legal.