Análise Abrangente sobre Incapacidades Relacionadas à Hanseníase
Na terça-feira (21), o Ministério da Saúde (MS) divulgou um documento crucial intitulado “Análise das Incapacidades Provocadas pela Hanseníase no Brasil: um Inquérito Nacional”. O estudo, que abrange o período de 2022 a 2024, explora as condições de saúde e incapacidades em 2.711 pacientes diagnosticados entre 2015 e 2019, oriundos de 217 municípios de todas as regiões do país. Este inquérito se revela essencial para compreender o impacto da hanseníase após a alta por cura e para fornecer subsídios a políticas públicas que visem mitigar seus efeitos.
Os dados compilados no inquérito identificaram a prevenção de incapacidades como um dos principais desafios relacionados à hanseníase. Isso se deve à necessidade de um diagnóstico precoce e a vigilância eficiente e contínua durante e após o tratamento, pois as deficiências podem surgir em diferentes fases do processo. Ademais, os resultados apontam para a urgência de fortalecer ações de prevenção, controle, vigilância de reações adversas e acompanhamento pós-tratamento, aspectos fundamentais para evitar a progressão de incapacidades e promover a inclusão social.
O grau de incapacidade física (GIF) é um indicador que revela a presença de perda de sensibilidade protetora, força muscular ou deformidades visíveis em diversas partes do corpo. Este grau varia entre 0, 1 e 2, sendo que a última classificação é associada a diagnósticos tardios, conforme fontes do Ministério da Saúde.
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Fonte: ocuiaba.com.br
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Fonte: feirinhadesantana.com.br
A questão do suporte financeiro para as vítimas da hanseníase também foi abordada. Em dezembro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promulgou o Decreto nº 12.312, que regulamenta a concessão de pensão especial para aqueles que sofreram isolamento ou internação forçada devido à doença.
Evento de Apresentação dos Resultados do Inquérito
Em um esforço para reforçar as iniciativas de vigilância e apoio às pessoas afetadas pela hanseníase, o Departamento de Doenças Transmissíveis do MS organizou, entre os dias 21 e 23 de outubro, o evento “Inquérito Nacional das Incapacidades Decorrentes da Hanseníase no Brasil (2022–2024)”. O encontro contou com a participação de representantes de diferentes secretarias do governo, do Ministério dos Direitos Humanos, da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS), de instituições de pesquisa, sociedade civil e movimentos sociais. A programação abordou a situação da hanseníase no Brasil e globalmente, os resultados do inquérito e estratégias voltadas ao cuidado integral dos afetados.
A abertura do evento contou com a presença de Mariângela Simão, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Anna Paula Feminella, secretária nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, e outros representantes importantes que discutiram a relevância de ações de conscientização e prevenção. Segundo Simão, o diagnóstico precoce é crucial e deve ser acompanhado de iniciativas práticas que realmente impactem a saúde da população. “É necessário ir além da coleta de dados. Precisamos usar essas informações para implementar ações que tratem da saúde das pessoas no momento em que elas mais precisam”, declarou.
Durante a apresentação dos resultados, a coordenadora-geral de Vigilância da Hanseníase e Doenças em Eliminação, Jurema Guerrieri, ressaltou a abrangência do inquérito, que fornece uma visão detalhada sobre as condições clínicas e sociais dos pacientes. “Este evento é uma oportunidade valiosa para promover o diálogo e a cooperação entre todos os envolvidos na erradicação da hanseníase e na formulação de políticas que garantam cuidado e inclusão social”, enfatizou.
Entendendo a Hanseníase
A hanseníase é uma doença crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. Seus sintomas mais comuns incluem manchas com perda de sensibilidade, formigamento e fraqueza muscular. A transmissão ocorre de forma respiratória, através do contato próximo e prolongado com indivíduos infectados que ainda não iniciaram o tratamento. O diagnóstico é realizado em Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde o tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo eficaz e garantindo a cura.
A doença pode atingir pessoas de todas as idades e sexos, mas é necessário um longo período de exposição à bactéria para que a infecção se desenvolva. Não obstante, apenas uma pequena parcela dos infectados apresenta sintomas. As lesões neurais geradas pela hanseníase são uma das principais causas de deficiências físicas e estão frequentemente ligadas ao estigma e à discriminação enfrentados pelos pacientes.
Fatores sociais, como moradia, saneamento básico, alimentação, renda e acesso à saúde, influenciam diretamente o risco de adoecimento e o diagnóstico tardio da hanseníase. Em comunidades vulneráveis, as desigualdades contribuem para a manutenção da transmissão da doença e dificultam o acesso a informações e cuidados de saúde.
Caso haja suspeita de hanseníase, é fundamental procurar a UBS mais próxima e relatar os sintomas. O diagnóstico oportuno e o início imediato do tratamento são cruciais para interromper a transmissão, evitar incapacidades e garantir a cura.
