**geraldo Pereira Defende a Redemarcação da reserva Extrativista e Critica Modelo Atual: “Engessamento do acre“**
No dia 17 de outubro, durante uma entrevista no programa “Boa Conversa – Edição aleac“, o ex-deputado estadual e produtor rural geraldo Pereira se destacou como um dos principais defensores do movimento que ocupou o plenário da Assembleia Legislativa do acre (aleac). O objetivo da manifestação foi contestar os embargos ambientais impostos pelo Instituto chico mendes de Conservação da Biodiversidade (icmbio). Em sua fala incisiva, Pereira levantou sérias preocupações sobre a gestão das reservas ambientais, especialmente a reserva Extrativista chico mendes, que ocupa uma vasta área de 900 mil hectares dos 16 milhões de hectares disponíveis no acre.
geraldo enfatizou que o modelo atual de gestão das reservas federais, incluindo a reserva chico mendes, tem se mostrado um verdadeiro “engessamento” para o desenvolvimento econômico e social do estado. Ele argumentou que essa intervenção federal, ao restringir o uso de grandes áreas de terra, limita as oportunidades de crescimento para a agricultura e outras atividades econômicas. “A criação da reserva chico mendes foi uma intervenção significativa no acre. Com 900 mil hectares, isso representa cerca de 8% do nosso território, e, somando todas as reservas, chegamos a uma limitação que afeta cerca de 47% da área do estado”, disse ele, ressaltando a necessidade de uma revisão nesse modelo.
A proposta de redemarcação da reserva chico mendes é um ponto central na argumentação de geraldo. Ele defende que a nova delimitação respeite as ocupações humanas já existentes e destine áreas específicas para a produção agrícola. “Estamos pedindo que essa reserva seja redemarcada, regularizando a situação das pessoas que já estão trabalhando na área. É fundamental que essa região seja direcionada para o desenvolvimento econômico e social do acre“, afirmou Pereira.
Além disso, o ex-parlamentar destacou a escassez de terras produtivas em municípios como Brasiléia e rio branco, que, segundo ele, enfrentam graves limitações devido às áreas ocupadas por unidades de conservação. “Em Brasiléia, não há mais terras disponíveis para a agricultura. Todas as áreas cultiváveis estão dentro da reserva. E em rio branco, o crescimento da cidade é praticamente impossível sem a utilização de terras que estão sob proteção. Precisamos, portanto, revisar os limites dessas reservas com urgência”, enfatizou.
Pereira também criticou o modelo extrativista que, segundo ele, já não atende às necessidades da população local e pode ser comparado a condições análogas à escravidão. “Embora tenhamos uma vocação extrativista, a forma como a reserva chico mendes opera atualmente condena as famílias que dela dependem a condições de vida extremamente difíceis. O governo que combate o trabalho escravo em propriedades rurais não pode ignorar as condições análogas à escravidão que existem nas reservas”, afirmou.
Para solucionar essa questão, geraldo propôs que tanto o governo federal quanto a bancada do acre se unam para reformular a política de reservas florestais, buscando um equilíbrio entre conservação e produção agrícola de maneira sustentável e planejada. “Queremos que todos os envolvidos — governo federal, estadual, prefeitos e o Congresso Nacional — trabalhem juntos para remodelar as reservas florestais, destinando áreas significativas para a agricultura. Existem diretrizes que permitem desmatar até 20% das áreas, e o estado do acre ainda possui uma grande margem para isso”, explicou.
Ao abordar as recentes fiscalizações e destruições de áreas produtivas, Pereira não hesitou em criticar a atuação do icmbio, apontando falhas históricas na política de preservação ambiental. Ele ressaltou que, apesar da importância do icmbio, houve negligência em relação às necessidades de desenvolvimento das comunidades locais. “Desde a criação das reservas, houve uma falta de visão quanto ao futuro. Isso resultou em limitações severas para o crescimento do estado”, disse.
Por fim, geraldo apresentou alternativas econômicas sustentáveis, como o cultivo de cacau e café, que poderiam gerar renda significativa para as famílias que vivem nas proximidades das reservas. Ele argumentou que, se as terras fossem utilizadas para esses cultivos, a renda poderia ser multiplicada em comparação com a pecuária tradicional. “Com apoio financeiro de iniciativas internacionais, como o Fundo da Amazônia, poderíamos transformar a produção local e evitar a exploração desnecessária da floresta”, concluiu.
geraldo Pereira finalizou sua participação reforçando que a devastação ambiental no acre é resultado da falta de planejamento e incentivo à produção sustentável, e que, se as florestas fossem utilizadas de forma racional, o estado poderia ter gerado um impacto econômico de trilhões de reais nas últimas décadas. “Desde 1990, o acre poderia ter avançado significativamente. Se tivéssemos aproveitado nossas florestas de forma responsável, estaríamos em uma posição econômica muito mais forte hoje”, concluiu, deixando uma mensagem clara sobre a necessidade de reavaliar a gestão das reservas no estado.