Servidores em Crise
A situação dos policiais penais no Acre é alarmante. Recentemente, três trágicos casos envolvendo membros da categoria evidenciaram o abandono por parte das autoridades. Na última sexta-feira (29), Edmilson Mourão, um policial penal, foi encontrado sem vida em sua casa. O servidor havia enfrentado problemas pulmonares severos que o afastaram do trabalho, mas, devido à necessidade financeira, ele decidiu retornar, mesmo com sua saúde comprometida.
Outro policial, que passou por situações de perseguição, entrou em depressão e tentou suicídio, sendo internado e atualmente se alimentando por sonda. Além disso, um terceiro servidor foi encontrado morto em uma estrada próxima a Porto Acre, após sair de moto, também lidando com problemas de saúde e um sentimento de abandono.
Ainda agrava a situação a falta de novos servidores. Embora já tenha sido realizado um concurso para a Polícia Penal, os aprovados não foram convocados e não há previsão para isso. Os atuais servidores estão sobrecarregados, trabalhando em condições precárias e sem a devida valorização.
“Uma vez, enterrávamos colegas assassinados por facções. Hoje, estamos sepultando amigos que sucumbem ao fracasso do sistema que deforma e abandona seus próprios servidores”, lamenta Janes Peteca, secretário-geral dos Servidores Públicos do Acre e ex-presidente da Associação dos Servidores do Sistema Penitenciário.
Peteca também revelou que está há 150 dias afastado após uma cirurgia, sem receber qualquer visita ou acompanhamento do órgão responsável. “Estamos esquecidos, doentes e sem apoio”, desabafa.
Um Apelo por Valorização
A situação divulgada por Peteca é corroborada por Joelison Ramos, ex-presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Acre e atual diretor da FENASPEN (Federação Nacional dos Policiais Penais). Para ele, o cenário se tornou insustentável: “A Polícia Penal do Acre está adoecida, enfrentando perseguições e sem condições mínimas de trabalho. Precisamos de efetivo, valorização e, principalmente, respeito à vida dos servidores”, destaca.
Os sindicalistas estão buscando visibilidade na imprensa para expor a dura realidade enfrentada. Eles pedem que tanto veículos locais quanto nacionais publiquem suas narrativas, permitindo que a população acreana compreenda a gravidade da situação.
Um Pedido ao Governador
O apelo é direcionado também ao governador Gladson Cameli. Caso não haja uma resposta satisfatória, os líderes planejam acionar a mídia nacional, o Ministério dos Direitos Humanos e organismos internacionais, visando chamar a atenção para a crise.
“Não podemos aceitar que vidas continuem sendo perdidas por descaso e abandono. O Acre precisa urgentemente se atentar para a sua Polícia Penal”, concluem os representantes da categoria.