A Iniciativa que Faz a Diferença
A alimentação escolar em Mato Grosso do Sul tem se mostrado um pilar importante para a economia local, além de oferecer refeições mais saudáveis para os estudantes da Rede Estadual de Ensino (REE). As aquisições de produtos da agricultura familiar, impulsionadas pela Chamada Pública do PNAE, já ultrapassaram os índices mínimos exigidos pela legislação, beneficiando diretamente mais de 1.700 agricultores do estado.
Os dados recentes mostram que, em 2024, o Estado alcançou 57% de compras da agricultura familiar, equivalente a R$ 16,5 milhões. Para 2025, esse percentual subiu para 65%, totalizando R$ 17,7 milhões, o que evidencia um compromisso firme da REE com o fortalecimento do setor agrícola local, a valorização da cultura alimentar da região e a promoção de práticas sustentáveis.
Benefícios para os Agricultores
Para muitos agricultores, a venda para a alimentação escolar representa mais do que uma fonte de receita; é uma forma de garantir a segurança financeira. Janilson Domingos, um produtor com quase 20 anos de experiência na agricultura familiar, destaca que participar do projeto de merenda escolar sempre foi um anseio.
“A merenda escolar proporciona estabilidade. Sabemos que todo ano as aulas acontecem, então sempre haverá entrega. No passado, dependendo de programas como o PAA, era necessário esperar pela liberação anual dos recursos. Agora, com as escolas, temos uma garantia real de renda”, afirmou, orgulhoso.
Ele produz entre 250 a 300 quilos por semana de hortaliças, como abobrinha e couve, e já planeja expandir sua produção para incluir alface e cheiro-verde.
Roberval Sebastião da Silva, que está completando seu primeiro ano fornecendo para as escolas, também compartilha suas impressões sobre essa mudança de paradigma.
“Hoje, planta-se sabendo exatamente para onde os produtos vão. Anteriormente, era uma tarefa complicada procurar por compradores. Agora, entrego tudo para a merenda escolar semanalmente, garantindo produtos frescos. Essa experiência é a melhor que já tive em mais de 30 anos na agricultura familiar”, declarou.
O Papel das Comunidades Quilombolas
A presidente da Associação da Comunidade Quilombola Chácara Buriti, Lucinéia de Jesus Domingos Gabilão, destacou a importância de participar da Chamada Pública da REE desde 2025, o que foi crucial para minimizar perdas e aumentar a geração de renda na comunidade.
“Nosso grupo começou com apenas 6 produtores fornecendo para 9 escolas. Antes, muitos produtos se perdiam por falta de um mercado. Hoje, com a demanda garantida, conseguimos oferecer alimentos frescos e de qualidade, como alface, cenoura e batata-doce”, explicou Lucinéia.
O plano para 2026 é ainda mais ambicioso: incluir todas as 42 famílias da comunidade na Chamada Pública e atender um mínimo de 30 escolas na capital.
Valorização da Cultura Alimentar e Impacto nas Escolas
O foco central da política de alimentação escolar é a valorização da cultura alimentar local e o respeito pelos saberes tradicionais do campo. Adriana Rossato, coordenadora de Alimentação Escolar da Secretaria de Educação (SED), enfatiza o impacto positivo dessa iniciativa.
“A agricultura familiar conecta os alunos com uma alimentação saudável, produzida na própria região, respeitando a cultura local e os conhecimentos dos seus habitantes. Muitas vezes, os responsáveis pela produção dos alimentos são pais de alunos. Esse ciclo é poderoso: a família cultiva, a escola compra e os estudantes se alimentam com o que é gerado no município”, argumentou.
As escolas recebem semanalmente uma variedade de alimentos, incluindo frutas e legumes, que compõem cardápios elaborados por nutricionistas, levando em conta a sazonalidade e os hábitos alimentares locais. O resultado é uma alimentação mais saudável, diversa e culturalmente adequada.
Uma Política Transformadora
Diferentemente de iniciativas pontuais, a compra de produtos da agricultura familiar é um esforço contínuo, com escolas recebendo alimentos diretamente dos produtores locais regularmente. Para o secretário de Estado de Educação, Hélio Daher, essa estratégia é fundamental.
“Quando as escolas optam por adquirir alimentos da agricultura familiar, não estão apenas comprando produtos. Estão apoiando as famílias, fortalecendo comunidades e assegurando que nossos estudantes recebam refeições frescas e de qualidade semanalmente. Essa é uma política que dinamiza a economia regional e transforma realidades, tanto no campo quanto nas escolas. A agricultura familiar é um patrimônio do nosso Estado, e temos orgulho de colocá-la no centro da alimentação escolar”, concluiu Hélio Daher.
