Em um ambiente de intensa discussão sobre desenvolvimento sustentável e questões ambientais, a 18ª sessão Ordinária da Câmara Municipal de Epitaciolândia, realizada na segunda-feira, 16, trouxe à tona críticas contundentes à administração da Reserva Extrativista Chico Mendes e à atuação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (icmbio). Os vereadores não apenas expressaram sua insatisfação com a gestão do icmbio, mas também enfatizaram a necessidade de medidas eficazes para a prevenção de queimadas, a valorização da agricultura familiar e a importância de resgatar e preservar a rica história local do município.
Os pronunciamentos durante a sessão foram um reflexo direto das preocupações da população, que enfrenta os desafios impostos pelas restrições ambientais e pela escassez de apoio federal, elementos que afetam diretamente a vida dos moradores da região. O vereador Rosimar Menezes, do partido REPUBLICANOS, destacou a urgência de se criar políticas que promovam um equilíbrio entre a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico, sem comprometer aqueles que dependem da terra para viver. Menezes criticou a gestão do icmbio e a ex-ministra Marina Silva, argumentando que a comunidade de seringueiros e agricultores da Reserva Chico Mendes tem sido usada como símbolo ambientalista, mas sem receber os benefícios concretos que precisariam para prosperar.
A vereadora Eliade Maria, do PL, também contribuiu para a discussão, ressaltando a importância de ações preventivas em face do aumento da estiagem e do risco de queimadas na região. Ela elogiou os esforços da Prefeitura e da Defesa Civil na criação de um Plano de Contingência de Incêndios, um documento essencial para a proteção tanto da população quanto do meio ambiente durante a seca. Eliade destacou o trabalho do coordenador da Defesa Civil, sargento bombeiro Cleutis, e reforçou a necessidade de colaboração entre diferentes esferas de governo e órgãos ambientais para evitar tragédias como as ocorridas em anos anteriores.
O vereador Cleomar Portela, do PP, também trouxe à tona a importância do resgate da memória local, dedicando sua fala a promover o trabalho de documentação que visa preservar a identidade cultural de Epitaciolândia. Ele destacou o esforço da professora aposentada Ivana Cristina Ferreira Camelo de Souza, que tem se empenhado em mapear personalidades e marcos significativos da história da cidade. Portela também relatou suas visitas a comunidades rurais, onde ouviu as demandas dos cafeicultores, ressaltando que o café é uma vocação natural da região que necessita de políticas públicas eficazes para seu desenvolvimento.
Em outro momento, o vereador Miro Bispo, do PDT, trouxe à tona a falta de transparência na gestão ambiental federal, criticando a postura do icmbio, que, segundo ele, tem dificultado o acesso a informações que são cruciais para as comunidades tradicionais. Bispo enfatizou que as ações que impactam a vida de centenas de famílias não podem ser tratadas com sigilo, e que a Lei de Acesso à Informação deve ser respeitada para garantir que as vozes da população sejam ouvidas.
Por fim, o vereador Ari Mendes, do SOLIDARIEDADE, apresentou um novo Plano de Contingência que visa preparar Epitaciolândia para enfrentar as adversidades climáticas, incluindo secas e enchentes. Mendes anunciou a criação de uma sala de monitoramento equipada com tecnologia avançada, que permitirá o acompanhamento em tempo real dos riscos ambientais, destacando a importância de ações preventivas para proteger a população.
A sessão foi marcada por um amplo espectro de preocupações, que englobou desde críticas à gestão ambiental e a valorização da história local até o apoio ao setor produtivo. O debate refletiu um crescente descontentamento com as políticas federais, ressaltando a necessidade de um diálogo mais efetivo entre as autoridades e as comunidades que se sentem excluídas dos processos decisórios. A Câmara Municipal de Epitaciolândia, portanto, se posiciona como um espaço fundamental para a expressão das demandas locais e para a busca por soluções que respeitem tanto a biodiversidade quanto as necessidades da população.