Desafios e Propostas para o Futuro do Acre
Em um discurso incisivo durante a Conferência Estadual do PCdoB, realizada no último sábado (20) no auditório da Fecomércio em Rio Branco, Jorge Viana, atual presidente da ApexBrasil e ex-governador do Acre, manifestou sua preocupação com a falta de protagonismo político do estado nos últimos anos. O político não hesitou em apontar problemas estruturais críticos que, segundo ele, têm dificultado o desenvolvimento regional, como a precariedade em logística, infraestrutura e conectividade, que acabam isolando comunidades e afastando investimentos.
Defendendo um novo modelo de desenvolvimento, Viana argumentou que o Acre deve focar em práticas sustentáveis, economia florestal e integração regional. “É fundamental que resgatemos a capacidade de planejamento a longo prazo e atraímos investimentos que valorizem nossa rica biodiversidade”, destacou durante sua fala. A abordagem vem em meio a um clima de especulação sobre uma possível candidatura ao Senado em 2026, embora o assunto não tenha sido diretamente tocado durante o evento.
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“É triste ver o nosso Acre, que já teve um papel tão relevante nas diversas fases da nossa história, passando por uma completa falta de representação com voz nacional. No passado, líderes como Oscar Passos, Flaviano Mello e Nabô Júnior eram dignos representantes do nosso estado. Sinto falta de figuras como a Perpétua no Congresso”, lamentou Viana, referindo-se à escassez de lideranças políticas.
O ex-governador também fez uma análise pessoal do impacto que essa situação tem gerado em sua vida. “Nunca enfrentei tantos desafios como agora, ao caminhar pelas ruas de Rio Branco e visitar os municípios. O Teatrão, um símbolo cultural, se encontra em estado de abandono, enquanto a Biblioteca da Floresta, uma das mais belas do país, foi arruinada. É desolador constatar que, em sete anos, a atual gestão não conseguiu realizar sequer uma obra significativa”, criticou.
Viana ressaltou a importância da união das forças progressistas no Acre na década de 1990, que resultou em conquistas eleitorais significativas e garantiu uma forte presença política no estado. “Naquela época, priorizamos os interesses coletivos sobre disputas internas, o que levou à eleição de deputados como Marina Silva, Nilson Mourão e o saudoso Taboada, além de minha candidatura ao segundo turno para governador. Essa união nos permitiu governar o Acre por cinco mandatos, eleger seis senadores e diversos deputados”, afirmou.
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Ao expandir sua análise para a arena nacional, Viana abordou questões referentes aos recentes julgamentos e condenações de militares e civis envolvidos em tentativas golpistas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades. “Estamos em um momento de acerto de contas com a democracia. Eram pessoas que estavam planejando o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente e de ministros do Supremo. Eles agora enfrentam as consequências de seus atos”, enfatizou.
O ex-governador relembrou sua experiência durante os episódios de dezembro de 2022 e janeiro de 2023, quando Brasília se viu sob ataques à democracia. “Estive em Brasília no dia da diplomação do presidente e testemunhei os ataques aos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Foi um cenário de caos”, contou.
Essa declaração reforça as especulações sobre sua possível pré-candidatura ao Senado em 2026, embora o tema não tenha sido discutido abertamente. Viana evitou ataques diretos a seus adversários políticos, mas deixou claro que vê a atual administração como ausente nas pautas essenciais para o desenvolvimento do estado.
A Conferência do PCdoB do Acre visa eleger uma nova Direção Estadual para o biênio 2025-2027, discutir propostas para o 16º Congresso Nacional do partido e definir estratégias para o projeto eleitoral de 2026.