Um Desafio para o Futuro
Conciliar progresso econômico e conservação da floresta amazônica representa um desafio crucial para o Acre. Na última sexta-feira, dia 25, a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) acolheu uma audiência pública que reuniu representantes do governo, produtores rurais e especialistas. O objetivo? Discutir alternativas que promovam o desenvolvimento da produção rural sem comprometer a sustentabilidade ambiental. Durante o evento, houve uma ênfase na necessidade de revisão da legislação ambiental, visando garantir não apenas infraestrutura, mas também dignidade aos trabalhadores e proteção à natureza.
A vice-governadora Mailza Assis foi uma das vozes proeminentes no debate. Ela sublinhou a urgência de “encontrar um caminho para desenvolver sem deixar de preservar as nossas florestas”. Mailza argumentou que a legislação atual impõe restrições que dificultam o desenvolvimento, afetando negativamente as famílias que dependem do trabalho no campo. Para ela, “ninguém alcança dignidade sem desenvolvimento”, fazendo um apelo à união de forças políticas e institucionais a fim de assegurar infraestrutura, regularização fundiária, acesso à tecnologia e liberdade para uma produção sustentável.
Visões de Desenvolvimento e sustentabilidade
O ex-ministro da Defesa e relator do Código Florestal, Aldo Rebelo, também participou da discussão, reforçando a importância do desenvolvimento que respeite a floresta. “A Amazônia precisa ter rodovias, ferrovias, agricultura, pecuária, indústria e hidrovias. É possível fazer tudo isso sem causar destruição”, assegurou Rebelo. Ele ainda defendeu que as demarcações de terras indígenas sejam decididas nas Assembleias Legislativas estaduais, buscando um equilíbrio entre conservação ambiental e a soberania nacional.
O vice-presidente da Aleac, deputado Pedro Longo, complementou essa visão ao afirmar que “preservar a natureza é essencial, mas igualmente importante é garantir o bem-estar das pessoas que vivem na Amazônia”. Longo ressaltou que o Acre mantém cerca de 85% de sua vegetação nativa preservada, o que evidencia a necessidade de políticas que integrem proteção ambiental e desenvolvimento social.
A Participação do Setor Rural
Na audiência, representantes do setor agrícola e entidades ligadas à produção rural também expressaram suas preocupações e necessidades. Eles destacaram a importância de investimentos em saúde, educação, infraestrutura e tecnologia para fortalecer a produção sustentável na região. Durante seu discurso, a vice-governadora Mailza fez um apelo: “Quem produz quer permanecer no campo, mas precisa de condições adequadas — saúde, educação e comunicação. O alimento vem da terra, e nós temos um potencial incrível, mas carecemos das condições necessárias para explorá-lo”, afirmou.
Esse tipo de debate se faz cada vez mais relevante num cenário onde a Amazônia é vista como um patrimônio mundial, e ao mesmo tempo, um espaço onde a luta pela sobrevivência se desenrola diariamente. As discussões na Aleac são um passo em direção a um modelo que promova o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação, necessário para o futuro não apenas do Acre, mas de toda a Amazônia.