Suspensão do Júri e Expectativa da Família
O júri popular de Djavanderson de Oliveira de Araújo, ex-namorado e principal suspeito pela morte da jovem acreana Juliana Valdivino da Silva, de apenas 18 anos, foi interrompido após a defesa solicitar uma mudança de comarca. O julgamento aconteceria na sexta-feira (11) em Paranatinga, Mato Grosso, local onde o crime ocorreu. Djavanderson está detido desde 16 de setembro do ano passado.
Juliana Valdivino da Silva sofreu queimaduras em 90% do corpo em um trágico incidente ocorrido em setembro de 2022. Tentativas de contato com a defesa do acusado não resultaram em resposta até o fechamento desta matéria.
O início do julgamento estava marcado para as 8h, conforme o horário de Brasília, na 1ª Vara da Comarca de Paranatinga. A advogada Elenira Mendes, que representa a família de Juliana, informou que a suspensão do júri foi solicitada pela defesa de Djavanderson através de um pedido de desaforamento, que consiste na transferência do julgamento para outra comarca.
“A defesa alega que o crime provocou grande comoção social em Paranatinga, o que poderia prejudicar a imparcialidade dos jurados”, explicou Elenira Mendes.
Vale lembrar que tanto o Ministério Público quanto a acusação se manifestaram contra essa solicitação, levando a assistente de acusação a interpor um recurso no Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT). “Como não houve pronunciamento sobre o pedido, a magistrada optou por suspender o júri até que o TJ-MT decida se o julgamento ocorrerá em Paranatinga ou não”, completou.
Frustração da Mãe da Vítima
Em conversa com o g1, Rosicléia Magalhães, mãe de Juliana, expressou a frustração e a ansiedade diante do adiamento do julgamento. “A antecipação da data nos deixou apreensivos. Após a confirmação, a expectativa de que tudo seja resolvido rapidamente é imensa”, disse.
A nova data e o local para o julgamento ainda serão definidos, dependendo da decisão do Tribunal de Justiça do MT. Rosicléia anseia por uma solução rápida. “Queremos ver a Justiça sendo feita e espero que esse adiamento não se prolongue por muito tempo”, acrescentou.
Investigação do Caso
Segundo relatos da polícia de Mato Grosso, Juliana foi atacada pelo ex-namorado na noite de 9 de setembro, quando se deslocou até a casa dele. Conforme o delegado Gabriel Conrado Souza, foi descoberto que, no dia do crime, Djavanderson comprou álcool em um posto de combustíveis nas proximidades.
Após atraí-la para sua residência no bairro Jardim Ipê, o acusado jogou o líquido inflamável sobre Juliana e ateou fogo nela, resultando em queimaduras devastadoras. Djavanderson também sofreu ferimentos durante o incidente e foi internado. Durante o interrogatório, ele alegou que a intenção era se suicidar, e que o álcool teria acidentalmente atingido a jovem.
Juliana Valdivino da Silva faleceu em Cuiabá, capital mato-grossense, após 15 dias em tratamento intensivo.
A Busca por Justiça
Em janeiro, tanto o acusado quanto pelo menos oito testemunhas foram ouvidos durante a audiência de instrução, a qual teve que ser remarcada em razão de uma enchente que afetou Paranatinga. A família de Juliana é assistida por Elenira Mendes, que atua como assistente de acusação no caso. A advogada acredita que as evidências indicam que Djavanderson premeditou o crime.
“Desejamos uma condenação baseada em todas as provas apresentadas, incluindo perícias e testemunhos”, enfatizou Elenira Mendes, representante da família.
O caso gerou repercussão e Rosicléia expressou a necessidade de que não apenas o caso de Juliana, mas todos os feminicídios no Brasil sejam discutidos de forma aberta e ativa. “É um crime grave e precisamos de mais atenção e ações para combater essa realidade.”, concluiu a mãe.