O Desafio da sustentabilidade na Reserva Chico Mendes
A Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex), criada em 1990, representa um marco no Brasil, sendo pioneira ao permitir que populações tradicionais vivessem e explorassem recursos de maneira sustentável na floresta. O conceito idealizado por Chico Mendes, um líder sindical assassinado dois anos antes da criação da reserva, visava garantir que os moradores pudessem extrair produtos como castanha, seringa e madeira de forma responsável. Contudo, o que deveria ser um modelo de conservação se transformou, ao longo dos anos, em uma realidade bem diferente.
Com o tempo, as promessas de um modelo sustentável não se concretizaram. O manejo florestal, apresentado como uma alternativa viável, revelou-se, na prática, uma armadilha. Além de não garantir os benefícios esperados para as comunidades, muitos moradores da Resex enfrentam um crescimento da pobreza, resultado do abandono por parte do poder público e da falta de alternativas econômicas.
A Luta pela sustentabilidade e Retorno ao Campo
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A difícil situação dos ex-seringueiros se agravou ainda mais com a concorrência das plantações de borracha no Centro-Sul do País, que inviabilizaram a extração comercial da borracha na região. As promessas de desenvolvimento através da bioeconomia também não se concretizaram, uma vez que indústrias de fármacos e cosméticos não se instalaram no Acre. Com isso, as comunidades tradicionais sentem-se cada vez mais à deriva, sem apoio governamental e sem alternativas de geração de renda.
Recentemente, visitamos Xapuri, onde o deputado estadual Manoel Moraes (Progressistas), conhecido por sua atuação em defesa dos interesses dos que vivem no campo, expressou suas preocupações. Moraes, que também é fiscal ambiental no Ibama, demonstrou comprometimento com os desafios enfrentados pela população local e propôs soluções, como o incentivo ao cultivo de café como uma possível fonte de renda.
Manoel Moraes: Uma Voz da Comunidade
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Nascido em Rio Branco, mas radicado em Xapuri, o deputado descreve sua trajetória política como um compromisso com a transformação social. Em entrevista ao Aquiri, ele compartilhou suas experiências e desafios como líder do governo na Assembleia Legislativa do Acre. “A política, para mim, é um instrumento de transformação quando está verdadeiramente a serviço do povo”, afirmou Moraes.
Durante sua trajetória, ele se destacou na luta pela regularização fundiária, um tema que considera central para o desenvolvimento das comunidades locais. Moraes comentou que cerca de 70% das propriedades no Acre não têm documentação, o que dificulta o progresso econômico. Aprovou a Lei nº 4.587, que reduz o tempo necessário para a regularização de áreas agroflorestais, ajudando muitas famílias a obter acesso ao título definitivo de suas terras.
Desafios e Possibilidades para o Futuro
Além disso, o deputado revelou que o desmatamento, resultado da necessidade de diversificação de renda, se tornou uma prática comum. “O gado, atualmente, é uma fonte de renda segura para as famílias que não conseguem mais viver do extrativismo”, destacou. Porém, a expansão da pecuária traz suas próprias questões ambientais, levando Moraes a defender a necessidade urgente de alternativas sustentáveis.
“O café poderia ser uma solução viável e não prejudicial ao meio ambiente”, ressaltou. Apesar da riqueza do solo e da força de trabalho local, Moraes lamentou a ausência de agroindústrias em Xapuri, enfatizando a necessidade de investimentos e estudos nas cadeias produtivas da região.
Enquanto os desafios persistem, a esperança de um futuro melhor para as comunidades do Acre depende de iniciativas que integrem desenvolvimento econômico e sustentabilidade. O compromisso de líderes como Manoel Moraes é essencial nesse processo, buscando alternativas que garantam a dignidade e a renda para aqueles que habitam a floresta.