Oportunidades para o Acre Com Novas Licenças de Transporte
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) anunciou a autorização para concessão de novas licenças a transportadoras brasileiras, permitindo que produtos brasileiros ingressem no Peru. Essa medida, segundo informações obtidas, poderá dobrar o número de operadoras de carga brasileiras habilitadas a atuar no mercado peruano.
O Acre, última parada antes do Peru, é um dos estados que deve mais se beneficiar com esta iniciativa. Paulo Santoyo, CEO da empresa acreana Dom Porquito, comentou em uma entrevista exclusiva à A GAZETA durante a Expoacre na última quinta-feira (31) que o estado poderá se tornar um importante hub de distribuição de produtos, tanto na exportação quanto na importação.
“As oportunidades vão começar a surgir e as transportadoras definitivamente estarão baseadas aqui no Acre. Certamente teremos operadoras de fora, mas a logística local está preparada para fomentar o crescimento das transportadoras locais”, destacou Santoyo.
Impactos Econômicos Além do Transporte
Além das transportadoras, os benefícios dessa nova dinâmica se estendem a diversas áreas da economia, conforme enfatiza o empresário. “Com a presença das carretas, haverá também um aumento nas empresas que atuam na manutenção de veículos, no setor de hospedagem e alimentação. É uma série de oportunidades que o Acre pode explorar ao se tornar um ponto estratégico para a recepção e envio de mercadorias para a Ásia, via Peru”, afirmou.
O Porto de Chancay: Uma Nova Era de logística
Essas melhorias na logística do Acre são sustentadas pela recente inauguração do Porto de Chancay, localizado ao norte de Lima, capital peruana. O projeto, financiado pela China, ainda não está operando em sua total capacidade, mas tem o potencial de se tornar o maior complexo portuário da América do Sul nos próximos anos, conectando definitivamente o continente à nova rota da seda.
A China demonstra um crescente interesse em investir em portos no Pacífico, com o intuito de reduzir a distância entre os mercados sul-americanos e o país asiático, que avança para se tornar a maior economia do mundo, superando os Estados Unidos.
A Nova Rota: Tempo e Economia para o Acre
Atualmente, o Brasil, um dos maiores produtores agrícolas globais, exporta grande parte de sua produção para a China por meio do Porto de Santos, em São Paulo. Antes, mercadorias do Acre levavam cerca de 50 dias para atingir os mercados asiáticos através do Oceano Atlântico. Com a nova rota pelo Pacífico, utilizando o Porto de Chancay, esse tempo foi reduzido para apenas 23 dias.
O investimento inicial de cerca de R$ 20 bilhões na construção do porto contempla a primeira fase de obras, que ocupa uma área de 118 hectares, com 18 metros de profundidade e um túnel de 2 km destinado ao transporte de cargas. O projeto grandioso visa permitir que até 250 carretas operem simultaneamente, com a capacidade de receber anualmente 1,5 milhão de containers e 6 milhões de toneladas de grãos.
Assim, a movimentação econômica e a infraestrutura do Acre têm tudo para ser impulsionadas, fazendo com que o estado se posicione como um eixo logístico fundamental para o Brasil no comércio com o Peru e, por extensão, com a Ásia.