Crescimento do Trabalho Infantil no Brasil
O trabalho infantil no Brasil testemunhou um aumento preocupante em 2024, com o número de crianças e adolescentes envolvidos subindo para 1,65 milhão. Esse fenômeno, que acontece em meio a um contexto de desigualdade social, destaca os riscos ocupacionais que esses jovens enfrentam. De acordo com especialistas, as ocupações consideradas de maior risco não apenas prejudicam a saúde das crianças, mas também oferecem rendimentos inferiores. No trabalho infantil, o rendimento médio foi de R$ 845, um aumento em relação aos R$ 806 de 2023.
As disparidades se acentuam quando observamos o desempenho financeiro por gênero e raça. No ano passado, o rendimento médio das meninas nessa situação caiu 4,54%, resultando em R$ 693, enquanto os meninos experimentaram um aumento significativo de 8,45%, com rendimentos alcançando R$ 924. Essa diferença se torna ainda mais evidente nas faixas etárias analisadas. Entre as crianças de 5 a 13 anos, o rendimento das meninas caiu drasticamente, chegando a R$ 165, enquanto o dos meninos teve uma queda menor, caindo para R$ 244.
Desigualdade Racial e Gênero no Trabalho Infantil
Os dados indicam que a situação de trabalho infantil é ainda mais severa para crianças e adolescentes identificados como pretos e pardos. Em 2024, o rendimento médio para este grupo foi de R$ 789, em comparação aos R$ 943 recebidos por jovens brancos. Contudo, houve um incremento de 6,9% nos rendimentos de pretos e pardos, enquanto os brancos tiveram um aumento mais modesto de 3,17%.
A análise do impacto do programa Bolsa Família, que atende cerca de 13,8 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, revela que a variação no número de jovens envolvidos em trabalho infantil se manteve estável, com um aumento de apenas 0,28%, atingindo 717 mil. Este grupo representa 43,5% do total de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no país. Por outro lado, o percentual de jovens fora do programa que trabalham subiu de 4,2% para 4,3%, enquanto aqueles que vivem em lares beneficiados por Bolsa Família apresentaram uma leve queda, de 5,3% para 5,2%.
Consequências para a Escolarização das Crianças
Os dados do IBGE evidenciam que o trabalho infantil tem um impacto negativo direto na frequência escolar. Entre as crianças e adolescentes com idades entre 5 e 17 anos, 97,5% estão matriculados nas escolas. No entanto, entre aqueles que estão envolvidos em trabalho infantil, apenas 88,8% continuam frequentando as aulas. Essa diferença acentuada sinaliza a necessidade urgente de políticas públicas que combatam o trabalho infantil e assegurem a educação das crianças. Para os beneficiários do Bolsa Família em situação de trabalho infantil, a taxa de frequência escolar é ligeiramente melhor, com 91,2% comparecendo às aulas.
Essas estatísticas alarmantes revelam a necessidade de um olhar mais atento sobre o trabalho infantil no Brasil. As autoridades e a sociedade civil devem unir forças para garantir que as crianças e adolescentes sejam protegidos e aproveitem seus direitos à educação e a um futuro melhor.