Impacto das Novas tarifas sobre o comércio Acreano
O recente pacote de tarifas implementado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que começou a vigorar na última quarta-feira, 6 de setembro, promete causar um impacto significativo no comércio exterior do Acre. Segundo um levantamento realizado pela Folha de S. Paulo, com base em informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, comércio e Serviços (Mdic), cerca de 99% dos produtos exportados pelo Acre para os EUA passarão a ser onerados com uma sobretaxa de 50%.
Essa mudança representa um aumento de 40 pontos percentuais nas tarifas sobre as importações brasileiras, afetando setores estratégicos do estado. Embora o Acre não esteja entre os maiores exportadores do Brasil, contribuindo com apenas 5% do total nacional, sua pauta de exportação é composta principalmente por produtos de baixo valor agregado, que não estão incluídos na lista de 694 isenções divulgadas pela Casa Branca.
O cenário do Acre reflete uma realidade semelhante à de outros estados do Norte e do Nordeste, como Amapá, Tocantins, Rondônia e Ceará, que também enfrentarão severas consequências com a imposição das novas tarifas sobre suas exportações destinadas ao mercado americano.
Crise Hídrica se Agrava no Acre
Além das questões comerciais, o Acre enfrenta outros desafios. Conforme um boletim da Defesa Civil Municipal, o nível do Rio Acre em Rio Branco atingiu, na manhã de segunda-feira, 11 de setembro, 1,31 metros. Este número, registrado às 5h15, demonstra uma queda em comparação aos dias anteriores e coloca o rio a apenas 8 centímetros de igualar a menor cota já registrada na história da capital acreana: 1,23 metros, em setembro de 2024.
O monitoramento do manancial na cidade é realizado desde 1971, e o recorde anterior foi observado em 2 de outubro de 2022, quando a cota chegou a 1,25 metros. A falta de chuvas nos últimos dias, combinada com o avanço do período seco, intensifica a crise hídrica na região, que já possui uma cota de alerta estabelecida em 13,50 metros e um nível de transbordo a 14 metros. Essa situação agrava o cenário de estiagem severa pelo qual o Acre está passando.
Iniciativas do MPAC para Valorização Cultural
Enquanto isso, o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) deu início, em 4 de agosto de 2025, a um procedimento administrativo para avaliar a efetividade das ações voltadas à proteção e valorização da cultura no estado. O MPAC ressalta que o exercício dos direitos culturais é um direito humano fundamental, conforme previsto na Constituição Federal e em tratados internacionais.
A portaria do MPAC destaca a importância do patrimônio cultural brasileiro, tanto material quanto imaterial, que representa a identidade e a memória de diversos grupos sociais, incluindo povos indígenas e comunidades tradicionais. O órgão enfatiza a relevância estratégica da cultura acreana, que é marcada por influências diversas e conservada em festivais e espaços históricos, como o Palácio Rio Branco e o Museu da Borracha.
As Secretarias Estadual e Municipal de Cultura têm um prazo de 15 dias para encaminhar relatórios sobre as ações realizadas nos últimos dois anos, enquanto a Fundação de Cultura Elias Mansour deve prestar informações sobre a adesão às leis de fomento. O MPAC tem como objetivo garantir a fiscalização e o acompanhamento das políticas culturais, entendendo que isso é essencial para a cidadania e o desenvolvimento sustentável.
Gravidez na Adolescência no Acre
Por fim, um estudo recentemente divulgado pela Folha de São Paulo, com base em dados do IBGE e do Ministério da Saúde, revelou que três municípios do Acre estão entre os dez com as maiores taxas de gravidez na adolescência no Brasil. Tarauacá ocupa o segundo lugar, com uma taxa alarmante de 12,5 gestações para cada 1.000 meninas de 10 a 14 anos, atrás apenas de Pacaraima, em Roraima, que tem 15,6.
Brasileia e Sena Madureira também figuram na lista, ocupando a sétima e a nona posição, respectivamente. Esses dados ressaltam uma preocupante realidade, onde oito das dez cidades com maiores índices de gravidez precoce estão na Região Norte do Brasil. De acordo com o Sinasc/Datasus, a cada hora, 44 adolescentes dão à luz no país, sendo que cinco delas têm menos de 15 anos, muitas vezes em situações ligadas à violência sexual. Essa questão impacta diretamente a vida escolar e profissional das jovens mães, sendo a gravidez a principal causa de evasão escolar feminina na América Latina.