**Manifestações de Servidores e Produtores Marcam sessão na Assembleia Legislativa do Acre**
Na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), a sessão desta terça-feira, 17 de outubro, foi marcada por intensas mobilizações de servidores públicos da saúde e de produtores rurais, que se reuniram em frente ao parlamento estadual, localizado no coração de rio branco. Ambas as manifestações, embora abordassem demandas distintas, convergiam em um ponto crucial: a busca por respeito às necessidades básicas e garantias essenciais para o bem-estar da população.
Os trabalhadores da saúde pública do estado estão exigindo a reestruturação urgente do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR), que, segundo os manifestantes, está defasado há mais de 20 anos. Jean Lunier, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado do Acre (Sintesac), destacou que o governo não cumpriu a promessa de implementar um novo plano, apesar da contratação de uma consultoria especializada para este fim. “Estamos há 25 anos sem correção. O governo investiu R$ 1 milhão em uma empresa para desenvolver o plano, mas, na hora de colocá-lo em prática, alegaram falta de espaço no orçamento. O que percebemos é que a valorização dos servidores da saúde não é uma prioridade”, afirmou Lunier.
A crise na saúde pública se intensifica, especialmente em meio ao atual surto de síndromes gripais, que tem levado a um aumento significativo na demanda por atendimento nas unidades de saúde do estado. “As unidades estão superlotadas, os profissionais estão sobrecarregados, e mesmo assim, não há reconhecimento do trabalho deles. Este movimento não é exclusivo de rio branco; está se espalhando por todo o estado: no Baixo e Alto Acre, no Purus e no Juruá. O governo não honrou os compromissos firmados”, completou.
Em contrapartida, os produtores rurais também se mobilizaram, reivindicando soluções urgentes para a regularização fundiária e criticando o que consideram excessos na atuação dos órgãos ambientais. Luiz de Lazari, um produtor do município de Manoel Urbano, relatou que pequenos agricultores estão enfrentando penalizações severas, como embargos, mesmo quando buscam regularizar suas situações. “Estamos abandonados. Não temos estradas adequadas, nem o apoio necessário. Muitos de nós não conseguimos nem mesmo documentar a terra que cultivamos. Estou trabalhando em uma área que pertenceu ao INCRA desde 2013 e ainda não recebi a documentação. Quando tentamos realizar uma atividade, como um desmatamento, somos embargados por falta de licença. Sem documentação, não conseguimos obter o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCR) do INCRA, e sem isso, tudo para”, explicou Lazari.
Ele também mencionou que possui uma propriedade de 100 hectares embargada, o que dificultou seu acesso a crédito e serviços bancários. O impacto emocional sobre as famílias afetadas é profundo. “O que sentimos é uma tristeza profunda, uma impotência. Vemos pessoas que dedicaram suas vidas ao trabalho perderem tudo. Há relatos de suicídios, e o Estado parece ignorar ou não perceber essa realidade. Quando um produtor entra em embargo, ele perde o acesso ao crédito, não consegue mais financiar nada. Isso destrói vidas”, lamentou.
Os agricultores pedem que tanto o governo estadual quanto a bancada federal se mobilizem para buscar alternativas que ajudem a resolver essa crise. “A agricultura e a pecuária são pilares que sustentam o comércio e a indústria. Estão recebendo recursos externos para reprimir o setor produtivo, mas quando todo o setor colapsar, quem será responsável por sustentar o Estado?”, questionou.
As manifestações ocorreram simultaneamente em frente à Aleac, demonstrando a força e a determinação de ambos os grupos na luta por melhores condições de trabalho e vida. O ac24horas continua a acompanhar todos os desdobramentos dessa mobilização significativa.