Na manhã desta terça-feira, 17 de outubro, profissionais da saúde do estado do acre realizaram uma manifestação significativa em frente ao Hospital da Mulher e da Crônica do Juruá, localizado em cruzeiro do sul. Esse ato faz parte de uma mobilização mais ampla que abrange diversas cidades do acre, incluindo a capital, rio branco. Organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em saúde do Estado do acre (Sintesac), a manifestação teve como principal objetivo a exigência de aprovação e priorização do novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) para os profissionais da saúde.
O evento atraiu uma variedade de trabalhadores do sistema público de saúde, incluindo técnicos, enfermeiros, auxiliares e servidores administrativos, todos unidos em busca de valorização profissional e melhores condições de trabalho. Os participantes da manifestação destacaram a grave defasagem salarial e o acúmulo de jornadas extras, que têm contribuído para o adoecimento físico e mental dos servidores. Essa situação crítica evidencia a necessidade urgente de mudanças no setor.
Lisiane Onofre, uma das representantes do Sintesac em cruzeiro do sul, ressaltou a gravidade da situação enfrentada pela categoria ao longo das últimas décadas. “O PCCR está parado há 25 anos. A classe da saúde precisa urgentemente dessa reformulação. Muitos servidores estão adoecendo por excesso de trabalho e falta de valorização. Tem profissionais tirando até 15 plantões extras por mês para complementar o salário, e muitos já estão com idade avançada para continuar nessa rotina exaustiva”, afirmou. Suas palavras refletem a frustração e o desespero de uma classe que tem se esforçado incansavelmente, mas que não tem recebido o reconhecimento e a compensação adequados.
Além disso, Lisiane criticou a justificativa do governo estadual de que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) impede avanços no plano. “O governo tem margem para organizar as finanças. O que pedimos é compromisso com a saúde. Esse movimento de hoje é um aviso: se não houver avanço, podemos partir para paralisação”, alertou, sublinhando a determinação dos profissionais de saúde em lutar por seus direitos e pela melhoria das condições de trabalho.
O ato também foi marcado por relatos emocionantes, como o de Irismar Maria Lotos de Freitas, uma servidora de 70 anos que atua no sistema público de saúde há quase quatro décadas. “Eu ganho R$ 1.400. Não posso me aposentar, porque o valor da aposentadoria não cobre nem meus remédios, nem uma consulta. Estou aqui pedindo clemência ao governador. Trabalhei durante a pandemia, continuo na luta, e tudo que quero é um salário digno para poder ir pra casa com dignidade”, desabafou, tocando o coração de todos os presentes e ressaltando a urgência de uma resposta do governo.
A mobilização, segundo os organizadores, foi um ato de alerta e um chamado à ação por parte do governo estadual em relação ao andamento do PCCR. Os trabalhadores da saúde enfatizam que, caso não haja uma resposta satisfatória ou avanços concretos nas negociações, o movimento pode evoluir para paralisações parciais ou até mesmo uma greve geral. Essa possibilidade destaca a determinação dos profissionais em lutar por melhorias e condições dignas de trabalho, evidenciando a importância de uma atuação rápida e eficaz por parte das autoridades competentes.
Diante desse cenário, a mobilização dos trabalhadores da saúde no acre se torna um exemplo de resistência e união em busca de direitos. A valorização dos profissionais e a garantia de condições de trabalho adequadas são questões essenciais que precisam ser abordadas com urgência. A luta continua, e a esperança de um futuro melhor para os trabalhadores da saúde do acre permanece viva.