Desafios da Saúde Mental na educação
Em 2025, um alarmante cenário se desenha na educação do Tocantins, com mais de 1.700 professores da rede estadual se afastando devido a problemas relacionados à saúde mental. Na rede municipal de Palmas, a situação não é menos preocupante, com 769 licenças médicas concedidas a educadores. Embora o município não tenha detalhado as causas desses afastamentos, os relatos de professores levantam questões sérias sobre o estado de saúde mental na profissão.
“Eu não conseguia sentir a minha perna ou enxergar por um dia inteiro, tudo por conta de uma crise de ansiedade. Fui até ao médico acreditando que estava tendo um derrame”, relatou uma professora, resumindo a gravidade da situação enfrentada. Os relatos comuns entre os educadores incluem sobrecarga de trabalho, ameaças e violência verbal, além da falta de assistência médica, criando um quadro crítico de saúde mental.
Medidas em Resposta às Demandas
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) do Tocantins informou que está implementando ações para melhorar a gestão escolar e oferecer apoio aos servidores. Entre essas iniciativas, destacam-se o acolhimento e suporte técnico aos educadores.
Por sua vez, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) anunciou o Programa Saúde do Educador, que se concentra em desenvolver protocolos voltados para o bem-estar dos servidores. As ações incluem acolhimento psicológico e orientações para lidar com situações difíceis dentro do ambiente escolar.
Leia também: Sesc Maranhão Lança Inscrições para Educação Infantil 2026 em Itapecuru Mirim e Outras Cidades
Fonte: soudesaoluis.com.br
Leia também: Governo Federal Planeja Amplo Uso de Inteligência Artificial na Saúde e Educação até 2028
Fonte: soupetrolina.com.br
Números Alarmantes de Afastamentos
O estado conta com 4.047 professores efetivos e 3.809 contratados, conforme dados da Seduc. Os afastamentos por problemas de saúde mental já superaram o total de licenças do ano passado, representando cerca de 22,29% do total de educadores. Na rede municipal, entre janeiro e 13 de outubro de 2025, foram 769 licenças, uma leve queda em comparação com as 1.039 autorizadas no ano anterior.
A falta de informações claras sobre os motivos dos afastamentos levantou preocupações. A Smed afirmou que, por questões de ética e sigilo, as causas não podem ser divulgadas, mas o sindicato da categoria, Sintet, relatou denúncias de assédio moral e outras dificuldades enfrentadas pelos professores.
Desafios no Ambiente Escolar
Professores têm compartilhado suas experiências sobre um ambiente escolar hostil. Uma educadora com 27 anos de carreira comentou sobre a falta de respeito dos alunos: “O respeito pelo professor está em alta, mas o descaso é ainda maior. Isso nos adoece”. Além disso, a pressão sobre os docentes se amplifica com a burocracia excessiva, que consome tempo e energia.
Leia também: SUS Reconhecido como Manifestação da Cultura Nacional: Um Marco no Brasil
Fonte: amapainforma.com.br
Outro educador, que recentemente tomou posse como efetivo, relatou a sobrecarga imposta pelas exigências do Sistema de Gestão Escolar (SGE). “A sensação é que não podemos descansar. A pressão constante tem gerado problemas de saúde, incluindo ansiedade”, desabafou, evidenciando o impacto negativo do estresse sobre sua saúde mental.
Violência e Agressões no Ambiente Escolar
A violência também se tornou uma preocupação crescente. Um incidente em agosto de 2025 destacou o problema quando um professor foi agredido por um aluno. O educador, que precisou se afastar após o ocorrido, relatou a falta de suporte adequado após a agressão, evidenciando a fragilidade do apoio oferecido às vítimas.
A Crise dos Recém-Concursados
Os recém-contratados também enfrentam desafios significativos. Muitos estão solicitando transferências ou afastamentos por motivos de saúde devido à pressão e ao estresse do ambiente escolar. O psicólogo Ladislau Ribeiro destacou que a frustração gerada pode ser prejudicial não apenas para esses novos educadores, mas também para os alunos, que sentem o impacto direto na qualidade das aulas.
Saúde Mental: Um Problema Coletivo
O adoecimento mental dos professores se tornou um problema coletivo, afetando a educadores, alunos e suas famílias. Ribeiro enfatiza que a falta de condições mínimas para o trabalho e a sobrecarga de atividades trazem consequências sérias. “Quando os professores não conseguem se sentir bem, toda a comunidade escolar sofre”, disse.
Além disso, o presidente do Sintet ressaltou a importância de ambientes de trabalho saudáveis e a valorização dos educadores, tanto financeiramente quanto em reconhecimento às suas contribuições. Cuidar da saúde mental dos professores é fundamental para garantir uma educação de qualidade.
Assim, a situação atual dos educadores no Tocantins clama por atenção. Com um número crescente de afastamentos e relatos de dificuldades, é essencial que medidas eficazes sejam implementadas para promover a saúde mental e o bem-estar no ambiente escolar.
