Desempenho do Saneamento no Brasil
Um recente levantamento da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) aponta que apenas 63 municípios no Brasil estão próximos de alcançar a universalização do saneamento básico. Este dado alarmante representa apenas 2,54% das 2.483 cidades analisadas, que juntas abrigam cerca de 80% da população nacional, incluindo todas as capitais.
Quando expandimos a análise para todo o território brasileiro, o cenário se revela ainda mais desolador. Apenas 1,13% dos municípios atingiram a classificação máxima, denominada “Rumo à universalização”. A maior parte das cidades, cerca de 74,22%, encontra-se em uma fase intermediária, classificada como “Empenho para a universalização”. Além disso, 12,36% estão no nível de “Compromisso com a universalização” e 10,87% ainda estão nos “Primeiros passos para a universalização”.
Indicadores de Saneamento Básico
O estudo analisou cinco indicadores essenciais que compõem a avaliação do saneamento básico: abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, coleta de resíduos sólidos domiciliares e a disposição final adequada de resíduos sólidos urbanos. Esses critérios são fundamentais para entender a qualidade do saneamento nas cidades brasileiras.
Desempenho Regional
A pesquisa também revela que todas as regiões do Brasil têm municípios nas categorias de menor desempenho, que ainda estão nos “Primeiros passos para a universalização”. No entanto, as regiões Sudeste e Sul se destacam por concentrarem os municípios que apresentam melhor performance, alcançando a categoria máxima do ranking.
Em termos de capitais, a situação é misturada. Curitiba (PR) é a única que se destacou na categoria “Rumo à universalização”. Outras cinco capitais — Salvador (BA), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e João Pessoa (PB) — estão no nível “Compromisso com a universalização”. Porto Velho (RO), por outro lado, ocupa a última posição, classificando-se na categoria “Primeiros passos”, enquanto as demais capitais estão na categoria “Empenho para a universalização”.
Saneamento e Saúde Pública
Um aspecto crucial destacado pelo estudo é a relação direta entre a qualidade do saneamento básico e a saúde pública. Municípios que estão mais próximos da universalização apresentam taxas de internação significativamente menores por doenças associadas à falta de saneamento adequado. Nas cidades com mais de 100 mil habitantes, a média de internações cai de 46,78 por 100 mil habitantes nas classificadas como “Primeiros passos” para 14,16 por 100 mil naquelas que alcançaram a categoria “Rumo à universalização”. A diferença é ainda mais acentuada em municípios menores.
Investimentos Necessários
Apesar da relevância do saneamento básico para a saúde da população, os investimentos no setor permanecem aquém do necessário. Segundo dados do Ranking do Saneamento 2025, do Instituto Trata Brasil, o investimento médio em saneamento nas 100 cidades mais populosas do país foi de apenas R$ 103,16 por habitante em 2023. Este valor é inferior ao registrado em 2022, que foi de R$ 138,68, além de estar abaixo da média nacional estimada em R$ 126,97, de acordo com o SINISA 2023.
O ambientalista Delton Mendes destaca a necessidade de criar estruturas que fomentem investimentos no setor de saneamento. “É fundamental aumentar a cobertura dos serviços básicos de saneamento no Brasil. Enfrentamos um histórico de subfinanciamento que resulta em infraestrutura insuficiente. A falta de investimentos consistentes ao longo dos anos compromete a capacidade de expandir e melhorar os serviços de saneamento básico”, afirma Mendes.
