Crise Hídrica no Rio Acre
Na última quinta-feira (28), o Rio Acre voltou a registrar níveis alarmantes, com apenas 84 centímetros de profundidade em Brasiléia. Essa marca acende um alerta para mais de 130 mil residentes na região de fronteira entre Brasil e Bolívia. O manancial se aproxima do recorde negativo de 60 centímetros, registrado em setembro de 2023, marcando a pior seca já enfrentada nesta área.
A situação é particularmente crítica nos municípios que compõem a zona de fronteira, incluindo Brasiléia, Epitaciolândia (Acre) e Cobija (Bolívia), onde o rio é a principal fonte de abastecimento. Para monitorar a situação, autoridades da Defesa Civil estão em alerta constante e já preparam planos de contingência para mitigar os riscos de desabastecimento, caso a seca se agrave ao longo dos próximos meses.
Previsões Desfavoráveis
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Com a previsão de que o período chuvoso na Amazônia só comece em mais quatro meses, as autoridades ressaltam a importância do uso racional da água e não descartam a possibilidade de implementar restrições no abastecimento, caso o nível do rio continue a cair. O coordenador da Defesa Civil de Brasiléia, major Emerson Sandro, informou que diversas fontes de água na zona rural já secaram ou estão perto de se esgotar, o que demanda a criação de rotas emergenciais para garantir o abastecimento.
Apesar da gravidade da situação no campo, a zona urbana parece estar sob controle, pois o abastecimento se dá através do bombeamento direto do rio. A Agência Nacional de Águas (ANA) já classificou a seca na região como “moderada”, mas a preocupação se intensifica com a aproximação de um período crítico.
Reunião Técnica de Enfrentamento à seca
Em Rio Branco, o nível do rio também apresenta oscilações preocupantes, variando entre 1,55m e 1,50m nesta semana. O estado, portanto, continua a manter um alerta para o risco de desabastecimento a longo prazo. Para intensificar as ações integradas em resposta aos riscos ambientais causados pela seca, o governo do Acre, por meio do Gabinete de Crise seca e Estiagem e do Grupo Operacional de Comando e Controle (Gocc), promoveu a terceira Reunião Técnica de Enfrentamento à seca em 2025. O evento, que ocorreu na primeira quinzena de junho, foi aberto ao público e contou com a participação de gestores de diferentes esferas do governo, além de especialistas e pesquisadores.
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Durante a reunião, foram discutidos prognósticos sobre os impactos climáticos que podem afetar o Acre nos próximos meses. Essas informações são cruciais para guiar a planeação de ações destinadas a mitigar os efeitos da seca e assegurar uma resposta eficiente a eventos extremos.
Integração de Ações para a Gestão da Crise
O encontro foi coordenado pelo Gabinete de Crise, em colaboração com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDC) e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). O analista em Ciência e Tecnologia do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Luiz dos Santos Neto, apresentou o Boletim Climático da Amazônia, que contém dados relevantes para o monitoramento e planejamento de ações preventivas até o final do verão acreano.
Leonardo Carvalho, secretário do Meio Ambiente, enfatizou a importância da colaboração entre os diferentes órgãos envolvidos no planejamento e implementação de medidas para mitigar e prevenir os impactos climáticos. “O governo do Acre, por meio do Gabinete de Crise e do Gocc, está unindo esforços para alinhar estratégias e fortalecer a capacidade de antecipar os efeitos de eventos extremos que têm afetado a população nos últimos anos”, afirmou Carvalho.
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Ações de Combate ao Desmatamento
Em 2025, o combate ao desmatamento e às queimadas ilegais se tornou uma prioridade para o governo do Acre, que vem implementando uma série de ações preventivas. A Operação Contenção Verde, lançada em fevereiro de 2025, é uma das iniciativas principais, visando combater crimes ambientais em municípios como Feijó, Tarauacá e Acrelândia, que apresentam maior vulnerabilidade.
Sob a coordenação da Casa Civil, a operação integra esforços de diversos órgãos, incluindo a Sema, o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), a Polícia Militar e outros, para promover uma abordagem contínua e integrada contra infrações ambientais no estado.