Desigualdade e Desempenho Econômico no Acre
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a “Síntese de Indicadores Sociais 2025”, um importante levantamento que mapeia o rendimento domiciliar per capita no Brasil entre 2012 e 2024. Este estudo não apenas mostra uma visão abrangente da renda em todo o país, mas também evidencia as disparidades regionais, colocando o Acre em uma posição desfavorável quando o assunto é rendimento.
Em 2024, o estado do Acre apresenta um rendimento domiciliar per capita de apenas R$ 750, posicionando-se como o terceiro menor valor do Brasil. O Maranhão lidera a lista com R$ 717, seguido por Alagoas com R$ 795. Em contraste, os maiores rendimentos foram registrados no Distrito Federal, onde a média chegou a R$ 3.281, seguido por São Paulo (R$ 2.582) e Santa Catarina (R$ 2.552).
A análise do IBGE destaca que o Acre teve uma das menores variações no rendimento domiciliar per capita ao longo do período estudado, com um crescimento de apenas 6,9%. Enquanto isso, estados como Tocantins e Alagoas presenciaram crescimentos significativos, de 49,4% e 48,7%, respectivamente. Até mesmo Roraima e Amazonas apresentaram uma variação ainda mais baixa, de 0,6%.
Vale ressaltar que a média salarial no Brasil, que contempla altos rendimentos de uma minoria, pode distorcer a compreensão do cenário econômico da maioria da população. Por isso, o IBGE enfatiza a importância da mediana, que, ao representar o valor central da distribuição, oferece uma visão mais precisa das condições econômicas da população. Em 2024, a mediana nacional foi de R$ 1.328, o que equivale a 65,8% do rendimento médio nacional de R$ 2.017 e está abaixo do salário mínimo, que foi fixado em R$ 1.412.
Desempenho Regional e Crescimento da Renda
As regiões Norte e Nordeste do Brasil apresentaram os menores rendimentos medianos, com R$ 899 e R$ 845, respectivamente. Apesar disso, esses locais também destacaram-se pelo crescimento no período de 2012 a 2024, com aumentos de 38,2% e 38,5%. Essa tendência mostra um esforço para reduzir as desigualdades regionais, mas o Acre ainda luta para acompanhar esse progresso.
Com relação à renda mediana, o Acre figura com destaque negativo, sendo o segundo menor do Norte e da região Norte-Nordeste. Além de estar atrás do Maranhão e Alagoas, o estado não conseguiu avançar em comparação com os outros estados da região. Santa Catarina, por sua vez, lidera a lista com um rendimento mediano de R$ 1.812, seguido de perto pelo Distrito Federal e Rio Grande do Sul, com R$ 1.788 e R$ 1.692, respectivamente.
A análise da variação do rendimento mediano entre 2012 e 2024 revela um panorama de contrastes entre as unidades da federação. Enquanto Tocantins, Mato Grosso e Bahia registraram os maiores avanços, com variações de 64,0%, 49,1% e 46,8%, respectivamente, estados como Roraima, São Paulo e Rio de Janeiro experimentaram as menores alterações, com taxas em torno de 2,4% a 17,8%.
Além disso, o estudo do IBGE também apresenta uma análise detalhada da renda por décimos da população. Entre 2023 e 2024, os 10% mais pobres viram seu rendimento aumentar em 13,2%, enquanto os 10% mais ricos tiveram um crescimento muito mais modesto de apenas 1,6%. Apesar dessa leve melhoria, a desigualdade permanece alarmante no país. Em 2024, os 10% com os maiores rendimentos ganhavam 32,2 vezes mais do que os 10% com menor renda. Em comparação, em 2012, essa diferença era ainda mais acentuada, chegando a 44,6 vezes, sugerindo uma redução na desigualdade, embora lenta e gradual.
