A Ameaça ao Apoio Vital
Após anos de dedicação, a Associação Família Azul do Acre (AFAC) se vê à beira do fechamento, planejado para dezembro de 2025. Este espaço é o único que oferece apoio gratuito a crianças, adolescentes e adultos com autismo no Acre, e a notícia repercutiu fortemente entre mais de 100 famílias que dependem dos serviços da instituição para assegurar acompanhamento terapêutico e dignidade para seus filhos.
A razão para essa situação alarmante? A escassez de emendas parlamentares e a falta de apoio financeiro por parte do governo. Em 2024, a AFAC registrou mais de 7 mil atendimentos especializados, mas agora enfrenta a dura realidade de possíveis cortes nas atividades devido à falta de recursos.
“Hoje, estamos vivendo uma angústia constante. Tentamos diversas alternativas, mas até agora, sem êxito. O ano de 2026 se aproxima sem qualquer recurso garantido. Temos apenas R$ 20 mil em conta, o que cobre apenas oito meses de aluguel”, desabafou Heloneida, coordenadora-geral da AFAC.
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Impacto Imediato nas Atividades
A informação sobre a possível interrupção das atividades foi divulgada em uma assembleia com pais e responsáveis no início de julho. As consequências já são visíveis: a natação terapêutica, uma das atividades mais esperadas pelas crianças, foi encerrada ainda neste mês. Para os pais, isso é um golpe devastador.
“É como arrancarem nossa última esperança”, expressou uma mãe que se identificou apenas como Renata. Sua história é emblemática: Renata Oliveira, de 36 anos, é mãe de Lucas, de 6 anos, que recebeu seu diagnóstico de autismo nível 1 através da AFAC, uma conquista que o SUS não conseguiu fornecer em tempo hábil.
“Aqui, ele teve acesso à psicóloga e às atividades motoras. Não tenho como arcar com esses custos. É angustiante saber que tudo isso pode acabar. É desesperador ficar sem esse apoio”, lamentou Renata.
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Histórias de Superação em Risco
Outra mãe, Carla Menezes, compartilhou a transformação de sua filha Manuela, de apenas três anos. Após três meses de terapia na AFAC, Manuela, que era completamente não verbal, começou a imitar sons, uma evolução que Carla considera um milagre.
“Esse progresso pode parecer pequeno para muitos, mas para nós é tudo. Ver esse espaço se fechar é como arrancar a única esperança que temos”, declarou Carla, emocionada.
Em Busca de Soluções Financeiras
A AFAC tem se mantido, ano após ano, através de emendas parlamentares, que dependem de indicações políticas. A falta de um financiamento fixo e contínuo compromete a continuidade dos atendimentos, e, mesmo com as prestações de contas e resultados visíveis, nenhuma garantia foi apresentada até o momento para 2026.
Enquanto isso, as famílias enfrentam o luto antecipado pela possível perda de um espaço que vai muito além de terapias. A AFAC é, na verdade, um símbolo de acolhimento, escuta e dignidade, um ponto de evolução para muitas crianças autistas e suas famílias.
“Nossos filhos não são apenas números. Eles têm nomes, histórias e potenciais. A AFAC está sendo silenciada não por falta de demanda, mas por ausência de compromisso com vidas como a do meu filho”, conclui Renata, refletindo a angústia de tantas outras famílias que vivem a mesma realidade.