Urgência nas Ações do Governo
Focado em implementar um pacote de medidas para amenizar os efeitos do tarifaço dos Estados Unidos, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, cancelou suas compromissos em São Paulo nesta segunda-feira (11) e se dirigiu a Brasília para um “compromisso inadiável”. No final do dia, Alckmin se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após uma conversa prévia com a Casa Civil. Entre os participantes do encontro estão Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União).
A expectativa é que o plano de contingência seja revelado até a terça-feira (12), cerca de seis dias após a imposição das tarifas sobre produtos brasileiros. Inicialmente, Alckmin havia programado participar de um congresso do agronegócio e lançar um programa de qualificação para exportações em São Paulo.
Medidas Sob Medida para Diversos Setores
De acordo com membros da equipe econômica do governo, o plano em desenvolvimento será adaptado para atender a diferentes setores e perfis de empresas, incluindo ações de curto, médio e longo prazo. Entre as propostas, estão linhas de crédito para os setores mais afetados e a ampliação das compras governamentais, permitindo que órgãos públicos adquiram produtos que deixaram de ser exportados. O governo estima que as tarifas de 50% terão impacto sobre cerca de um terço das empresas que comercializam com os EUA.
Das 694 isenções de tarifa, alguns itens cruciais para as exportações brasileiras, como suco de laranja, celulose e aviões da Embraer, são contemplados. No entanto, produtos importantes como café e carne continuam sujeitos a tarifas elevadas.
Preocupações no Espírito Santo e Outras Regiões
Estados como o Espírito Santo, fortemente dependentes do comércio com os EUA, estão avaliando o impacto potencial do tarifaço, que, segundo o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB), pode resultar em problemas sociais para a população local. Ele destacou que aproximadamente 27,5% das exportações do estado são destinadas aos norte-americanos, e, embora alguns produtos tenham sido isentados da tarifa, muitos ainda permanecem tarifados.
Ferraço comentou sobre a necessidade de apoiar os pequenos produtores, enfatizando a dependência econômica do mercado norte-americano, especialmente para produtos como pimenta do reino e gengibre, cujas vendas para os EUA representam 100% das exportações capixabas.
Impactos Econômicos e Medidas Emergenciais
Com a imposição das tarifas, estima-se que o PIB do Espírito Santo pode sofrer uma queda de cerca de 0,27%, resultando em uma perda de R$ 1,3 bilhão, conforme o Observatório da Indústria do Estado. Além disso, cerca de 210 mil pessoas são empregadas por empresas exportadoras do estado que dependem do mercado norte-americano.
Na Paraíba, onde 34,7% das exportações são destinadas aos EUA, o secretário da Receita estadual, Marialvo Laureano, afirmou que é necessário buscar novos parceiros comerciais e incentivar o consumo interno. No primeiro semestre, a Paraíba exportou aproximadamente US$ 10 milhões para os EUA, mas muitos de seus produtos, como suco de abacaxi e pescados, também enfrentam o impacto do tarifaço.
Busca por Soluções a Longo Prazo
Enquanto o governo baiano considera medidas para mitigar os efeitos econômicos, como a antecipação de créditos de ICMS e a compra de alimentos, o Ceará também anunciou um conjunto de ações para apoiar os exportadores afetados. Os governantes das regiões mais impactadas aguardam o plano de contingência nacional, previsto para ser divulgado entre esta segunda-feira e terça-feira. Alckmin cancelou suas agendas para liderar essa resposta federal ao tarifaço.