Cantora Acreana é Destaque em Minidocumentário
A talentosa cantora e compositora Nazaré Pereira, natural do Acre, se destacou recentemente no minidocumentário “A HISTÓRIA das MULHERES no FORRÓ”, dirigido pelo pesquisador pernambucano Igor Marques. O filme, que busca valorizar a contribuição feminina no gênero musical, está disponível gratuitamente no canal do YouTube, Igoarias Musicais.
O pesquisador Igor Marques ressalta que Nazaré “ilustra brilhantemente os sons da colonização do extremo oeste brasileiro, onde o forró trazido pelos seringueiros nordestinos se encontra com a riqueza rítmica e percussiva dos povos nativos da Amazônia”. Essa fusão cultural é um marco na trajetória artística da cantora.
Nascida na década de 1940, em Xapuri, Nazaré cresceu em meio ao segundo ciclo da borracha, que foi amplamente impulsionado por migrantes nordestinos. Mesmo tendo vivido a infância a seis horas de barco do centro urbano, a influência da cultura do Nordeste se fez presente em seu desenvolvimento musical e artístico.
Os ritmos tradicionais como xote, xaxado e baião se tornaram parte fundamental do repertório de Nazaré. Sua canção “Xapuri do Amazonas” é um exemplo claro dessa conexão, onde a artista expressa com sensibilidade a saudade de sua terra natal, Xapuri, enquanto desce o Rio Amazonas rumo a Icoaraci, distrito de Belém, onde ela e sua família se estabeleceram.
Na década de 1960, Nazaré decidiu migrar novamente, desta vez para o Rio de Janeiro, onde se formou em artes cênicas. Sua carreira como atriz a levou até a França, onde teve a oportunidade de estudar em uma bolsa de pós-graduação. Durante sua estadia em Paris, Nazaré se destacou na música brasileira, apresentando ao público europeu a fusão dos batuques caboclos com o pé-de-serra, um estilo que contrasta com a brasilidade mais convencionalmente associada ao eixo Rio–São Paulo.
A importância de Nazaré no cenário musical se tornou ainda mais evidente quando, em 1982, ela proporcionou a Luiz Gonzaga sua primeira apresentação internacional no Teatro Bobino, em Paris. Esse momento histórico não apenas marcou a carreira de Gonzaga, mas também evidenciou o papel de Nazaré como uma ponte cultural entre o Brasil e a Europa, levando a música de sua terra natal a novos horizontes.
A homenagem recebida por Nazaré no minidocumentário ressalta sua relevância na música popular brasileira e seu papel em reposicionar o Acre no mapa cultural do Brasil. Sua trajetória é uma verdadeira inspiração, representando a voz da Amazônia e sendo um símbolo de resistência em um cenário onde poucas mulheres da região norte tinham a oportunidade de brilhar nos palcos e registrar suas obras em disco.
