Encontro sobre Masculinidades e saúde no Complexo da Maré
Nos dias 24 e 25 de outubro, o Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, foi palco de um importante debate sobre a saúde e as vivências dos homens negros e quilombolas. O Ministério da Saúde, em colaboração com o Instituto Mapear, organizou iniciativas voltadas para discutir as masculinidades contemporâneas, a violência contra mulheres e a equidade de gênero durante o Festival Mulheres do Mundo (WOW). Este evento internacional, que já ocorreu em 23 países e mobilizou mais de 5 milhões de participantes até hoje, se destacou pela relevância dos temas abordados.
No festival, o Ministério da Saúde promoveu duas atividades com acesso ao público. A primeira foi uma oficina destinada a profissionais das áreas de saúde, educação e assistência, com o objetivo de integrar conhecimentos sobre equidade de gênero, saúde sexual e reprodutiva, além de incentivar a corresponsabilidade masculina. Ao término da oficina, os participantes foram convidados a criar um plano de ação, propondo atividades pedagógicas que possam ser implementadas em suas comunidades, com foco em fortalecer redes de apoio e prevenção à violência.
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A segunda atividade foi uma roda de conversa intitulada “Masculinidades Plurais”, que enfatizou a diversidade como um princípio essencial. O diálogo incentivou a reflexão sobre práticas diárias que podem promover igualdade e novas compreensões sobre a masculinidade, cultivando uma conversa aberta com a comunidade.
Isabela Machado, assessora técnica da Coordenação de Saúde do Homem, destacou a importância de trazer as masculinidades ao centro do debate: “Discutir masculinidades é vital para fomentar uma cultura de paz. Isso contribui também para a saúde física e mental, tanto de homens quanto de mulheres, que muitas vezes assumem a responsabilidade pelos cuidados deles e da comunidade. Combater a violência de gênero é, por si só, um ato de cuidado”, afirmou.
Projeto Homens Quilombolas e Suas Implicações
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Durante o evento, foram apresentados os primeiros resultados do projeto-piloto Homens Quilombolas, que começou em 2024, abrangendo os estados de Pernambuco, Bahia e Maranhão. Essa iniciativa focou na escuta e intervenção com meninos e homens quilombolas, culminando na criação de uma metodologia de capacitação direcionada a profissionais da saúde que atendem esse público específico. A ideia é expandir o projeto para mais oito estados, abrangendo todas as regiões brasileiras.
Para a assessora técnica, essa ação foi fundamental para compartilhar experiências e valorizar práticas eficazes, essenciais para aprimorar as políticas públicas. “Uma abordagem crítica sobre as construções sociais das masculinidades e suas conexões com a equidade de gênero e os determinantes sociais da saúde é crucial para o avanço das políticas voltadas à população masculina”, enfatizou.
Pilares do Festival Mulheres do Mundo
O Festival Mulheres do Mundo (WOW), idealizado por mulheres de diferentes origens, visa promover a troca de experiências e fortalecer ações em prol da equidade de gênero. No Brasil, o WOW teve a participação de 204 lideranças locais, 235 organizações governamentais e mais de 250 convidados de diversas partes do mundo. Este ano, o festival contou com a presença de figuras renomadas, como Conceição Evaristo e Sueli Carneiro, além da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
A inclusão da temática das masculinidades em um evento voltado para mulheres realça a importância do envolvimento de meninos e homens na promoção da equidade de gênero e no combate à violência contra meninas e mulheres em todas as fases da vida. A proposta almeja também contribuir para a construção de uma sociedade antirracista, onde todos os integrantes da sociedade se unam em prol da justiça e da equidade racial.
