Os Desafios Enfrentados pelos Produtores de eventos
Por Marcello Moura – A iniciativa apresentada pelo vereador Bruno Moraes, que visa garantir meia-entrada para trabalhadores terceirizados em Rio Branco, à primeira vista, pode parecer uma ideia amigável. No entanto, essa proposta expõe um grande desconhecimento sobre a realidade enfrentada por quem realmente arcou com os custos: os produtores de eventos. Em um cenário já comprometido por impostos elevados, encargos pesados e uma precariedade na estrutura pública, essa medida tende a intensificar um problema crônico no setor: o elevado custo de organização de eventos no Brasil.
A meia-entrada, na prática, não é subsidiada pelo poder público. Essa responsabilidade recai sobre os ombros dos produtores, que se veem obrigados a absorver a diminuição de receitas ou repassar esse custo ao ingresso cheio, o que encarece o acesso para a parcela restante do público. O resultado desse cenário é devastador: uma diminuição no número de pessoas dispostas a pagar o preço integral, menos margem de lucro, maior insegurança e um desincentivo a novos investimentos. Como consequência, observamos uma redução nos shows, peças teatrais e atividades culturais na cidade, além de um aumento do desemprego no setor.
Custos Elevados e Infraestrutura Deficiente
Rio Branco, por si só, não é uma cidade que naturalmente atrai grandes públicos ou possui uma infraestrutura cultural robusta. A realização de eventos ali requer coragem e disposição para enfrentar riscos. Os gastos com segurança, sonorização, iluminação, transporte, além de taxas e tributos, são consideráveis. Para que os produtores se mantenham ativos, a previsibilidade de receita é crucial. Cada nova obrigação legal, mesmo que tenha boas intenções, representa um peso a mais nas costas da já sobrecarregada economia criativa local.
Este não é um posicionamento contra os trabalhadores terceirizados. Ao contrário, a inclusão social é fundamental. No entanto, ela não deve ser alcançada à custa da asfixia do setor produtivo. Uma política pública efetiva requer diálogo com os organizadores de eventos, análise do impacto fiscal e medidas de compensação reais. O que se observa atualmente é um projeto raso, que busca aplausos fáceis nas mídias sociais, enquanto sobrecarrega ainda mais aqueles que se dedicam a empreender.
A Insustentabilidade da Proposta Atual
Adotar a lógica de estender a meia-entrada a cada nova categoria sem contrapartidas é um caminho insustentável. Quando todos recebem descontos, o sistema acaba se tornando inviável. Se os ingressos não cobrem os custos, os eventos simplesmente não ocorrem. E o que se perde com o desaparecimento de eventos? A cidade como um todo é afetada: o garçom que deixará de servir, o taxista que não terá passageiros, o camelô que não venderá produtos, e o artista que perderá a oportunidade de se apresentar.
A economia não funciona com mágica. O ingresso vendido é o que garante o pagamento do palco, do som, da iluminação, da segurança, dos artistas e dos empregos envolvidos. Transformar esse ingresso em moeda política, sem a devida responsabilidade, é uma forma de minar a base de todo um ecossistema cultural e econômico.
Por isso, é vital reiterar: não existe almoço grátis. Aqueles que se alimentam do populismo hoje podem estar comprometendo o banquete que a cultura e o entretenimento ainda lutam para oferecer à sociedade.