Comparações entre Líderes: Um Olhar Crítico
Desde a posse do ex-presidente Donald Trump nos Estados Unidos, o bolsonarismo se alimenta da expectativa de ter um aliado forte na esperança de proteger Jair Bolsonaro de responder por seus atos, todos comprovados, que ferem a democracia brasileira. O ex-líder americano, que claramente não dá importância à democracia, tanto em seu país quanto em outros lugares, se pronunciou na última segunda-feira, ameaçando nações que se aliam aos Brics com novas taxas, um método de pressão que caracteriza sua abordagem iliberal no cenário internacional.
Duas noites atrás, li pelo menos dois artigos que traçavam paralelos entre o apoio de Trump a Bolsonaro e a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, atualmente sob prisão domiciliar por acusações de corrupção. Um dos textos que li mencionou que esses episódios envolviam “atos de líderes populistas”. Essa construção de discurso, que frequentemente resulta em comparações simplistas, tem se tornado comum, especialmente entre os defensores da extrema direita, que buscam reduzir a complexidade da realidade para manipulá-la em seu favor.
Contudo, é preciso frisar que Lula e Trump não são dois lados da mesma moeda. Na verdade, nada é assim tão simplista. Lula visitou Cristina Kirchner dentro dos limites do que era exigido pelo protocolo judicial argentino, uma visita autorizada enquanto cumpria uma agenda oficial no país. Essa ação foi alvo de críticas internas, e com razão, pois criou um desconforto diplomático desnecessário.
Contrastes nas Palavras e Ações
Por outro lado, as declarações de Trump muitas vezes soam como se o Brasil fosse um adolescente em apuros, recebendo repreensões por um erro qualquer. Para alguém que almeja anexar o Canadá e reivindica o canal do Panamá, essa postura não é uma grande surpresa. Era questão de tempo até que o ex-presidente tomasse partido por Bolsonaro. Mas, definitivamente, Trump não é o Lula com a abordagem invertida ou as intenções trocadas.
É essencial destacar que, mesmo com suas falhas, Lula não é um líder iliberal que atenta contra as instituições e desconsidera os ritos democráticos. Isso muda completamente a narrativa da comparação. Além disso, é difícil entender como brasileiros apoiam o ex-presidente americano e outros políticos dos EUA em suas críticas à Justiça brasileira.
Diferenças à parte, criticar uma decisão judicial é um direito de todo cidadão, que deve ser respeitado, desde que realizado com argumentos válidos e em um debate construtivo. Contudo, é uma outra história quando se promove campanhas contra magistrados do STF, minando sua credibilidade no cenário internacional.