Desempenho da inflação em Junho
No mês de junho, a inflação na Argentina ficou em 1,6%, conforme divulgado nesta segunda-feira (14) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). Este número representa uma leve elevação em relação aos 1,5% registrados em maio, quando a inflação atingiu seu menor nível mensal em cinco anos. Acumulando 39,4% nos últimos 12 meses, o índice mostra uma redução em comparação aos 43,5% do período anterior.
Os dados revelam que a educação foi o setor com o maior aumento, alcançando 3,7%, seguida por habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis, com 3,4%. Bebidas alcoólicas e tabaco cresceram 2,8%, enquanto recreação e cultura subiram 2,5%, e saúde aumentou 2,2%.
Desafios Econômicos sob a Liderança de Milei
Os números do Indec indicam um progresso considerável na economia argentina no primeiro ano do governo do presidente ultraliberal Javier Milei. No entanto, em 2025, a taxa mensal da inflação estagnou entre 2% e 3%, mas, recentemente, caiu para 1%. O país encerrou o primeiro semestre de 2025 com uma inflação acumulada de 15,1%.
A Argentina, já enfrentando uma severa recessão, está passando por um rigoroso ajuste econômico. Desde sua posse em dezembro de 2023, Milei interrompeu obras federais e cortou a transferência de recursos para os estados, eliminando subsídios a tarifas de serviços essenciais como água, gás e eletricidade. Essas medidas resultaram em um aumento significativo nos preços ao consumidor.
Pobreza e Protestos Crescentes
Além do impacto econômico, o primeiro semestre de 2024 viu a pobreza atingir 52,9% da população. Contudo, no segundo semestre, esse número caiu para 38,1%, totalizando cerca de 11,3 milhões de pessoas em situação de vulnerabilidade. Essa realidade levou a um aumento na insatisfação popular e consequentemente a protestos em várias partes do país.
Acordo com o FMI e Esperanças Futuras
Em meio a esses desafios, o governo de Milei fez avanços significativos, culminando em um acordo de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril. A primeira parcela de US$ 12 bilhões foi disponibilizada rapidamente, simbolizando a confiança do fundo no programa econômico argentino. Este montante se soma a dívidas anteriores que já ultrapassavam os US$ 40 bilhões.
Com o objetivo de conter a inflação, Milei busca manter a taxa mensal abaixo de 2%. A recente flexibilização das normas cambiais, que abandonou a paridade fixa para o peso argentino em favor de um câmbio flutuante, foi uma das medidas adotadas para estimular a economia.
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Ações do Governo para Atração de Investimentos
Para facilitar a recuperação econômica, o governo e o Banco Central da Argentina implementaram várias medidas monetárias, fiscais e cambiais. Em maio, foi autorizada a utilização de dólares mantidos fora do sistema financeiro sem a necessidade de declaração da origem. Em junho, foram anunciadas a flexibilização do uso de pesos e dólares em títulos públicos, além do lançamento de um plano para captar US$ 2 bilhões através de emissões de títulos. O governo se comprometeu também a limitar a emissão monetária pelo Banco Central.
Essas iniciativas visam não apenas estabilizar a inflação, mas também reforçar as reservas comerciais do país, melhorar a cotação do câmbio e atrair novos investidores. O governo de Javier Milei caminha em um cenário repleto de desafios, mas com passos firmes em busca de uma recuperação econômica sustentável.