Expectativa em Alta para o Retorno do Horário de Verão
Com a chegada da primavera, que ocorre na próxima segunda-feira, a expectativa de muitos brasileiros gira em torno do retorno do horário de verão, uma prática que está suspensa desde 2019. As buscas pelo tema na internet, especialmente no Google, apresentaram um aumento significativo, quadruplicando na última semana. O governo federal, embora sem uma decisão definitiva até o momento, não descarta a possibilidade de reintroduzir essa medida, com uma posição que era esperada para ser divulgada ainda neste mês.
O Ministério de Minas e energia ressalta que a questão é constantemente reavaliada. Uma das principais variáveis consideradas envolve a disponibilidade de energia até fevereiro de 2026. Os técnicos do ministério estão atentos aos níveis de precipitação, que impactam diretamente na geração das hidrelétricas. Apesar do longo período seco do inverno, que agora se encerra, o governo informa que os reservatórios estão em condições normais, e a situação do Sistema Interligado Nacional é mais favorável do que a do ano passado.
Impacto Econômico e Operacional
No entanto, a decisão sobre o retorno do horário de verão não depende apenas da disponibilidade hídrica. O professor Helder Queiroz, especialista do Instituto de Economia e coordenador do Grupo de Economia da energia da UFRJ, aponta que a reintrodução da medida poderia gerar economia significativa ao redirecionar os gastos com termelétricas. “Os custos da geração no horário de pico acarretam a necessidade de acionar usinas mais onerosas. Ao suavizar essa demanda, podemos observar uma diminuição nos custos operacionais gerais do sistema”, explica Queiroz, ressaltando a importância de garantir uma operação mais flexível e econômica.
O Plano de Operação Energética para 2025, divulgado em agosto, indica que a adoção do horário de verão poderia oferecer uma folga de até 2 gigawatts ao Sistema Nacional, reduzindo assim o risco de apagões. Mesmo com esse potencial de economia, Queiroz enfatiza a necessidade de um plano alternativo. Para ele, a solução ideal seria a contratação de usinas geradoras que possam ser acionadas em casos de aumento da demanda ou problemas na distribuição de energia.
A Decisão Cabe ao Presidente
Os leilões de energia desempenham um papel fundamental na garantia de uma capacidade adicional que permita uma resposta rápida às exigências do sistema. O professor observa que, especialmente a partir das 18 horas, quando a demanda tende a aumentar, é imprescindível ter diversas usinas operacionais prontas para garantir o fornecimento de energia.
A responsabilidade pela decisão final sobre a reinstituição do horário de verão recai sobre o presidente Lula, que ainda não definiu um prazo para essa avaliação. Se a medida for aprovada, a expectativa é que comece a valer entre outubro e fevereiro, embora datas específicas ainda não tenham sido determinadas.
Vale lembrar que a implementação do horário de verão foi suspensa há seis anos, durante a gestão do ex-presidente Bolsonaro. Naquela época, estudos indicaram que a alteração nos padrões de consumo da população resultou em uma redução no gasto energético, levando à conclusão de que a antecipação dos relógios já não era mais necessária.