Expectativas sobre a Decisão do STF
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou otimismo nesta segunda-feira (15) ao comentar sobre a expectativa de uma decisão ágil do Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito da legalidade do decreto presidencial que aumentou a alíquota do IOF em operações financeiras, incluindo o controverso risco sacado. Haddad acredita que o relator do caso, Alexandre de Moraes, tomará uma decisão equilibrada e célere.
“Acredito que será uma solução rápida. Há uma pendência que, em minha opinião, será resolvida rapidamente pelo ministro Alexandre. Minha percepção é essa”, afirmou Haddad, referindo-se à controvérsia em torno do risco sacado, um ponto que ainda carece de esclarecimentos. O ministro enfatizou que Moraes está ciente dos detalhes e da relevância da questão.
Além disso, Haddad destacou que Moraes tem mantido diálogo com líderes do Senado e da Câmara, incluindo Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB). “Ele falou com os presidentes das duas casas, conversou comigo pessoalmente e também por telefone. Está bem informado sobre a situação e esclareceu todas as dúvidas, tanto do ponto de vista econômico quanto jurídico. É uma decisão que deve sair rapidamente e bastante alinhada ao que precisamos”, completou.
O Que Está em Jogo
De acordo com Haddad, a maior parte do conteúdo do decreto assinado por Luiz Inácio Lula da Silva é “incontroverso”, totalizando cerca de 90%. Entretanto, o ministro ressalvou que não pode antecipar uma decisão, pois essa responsabilidade não lhe pertence. “Se dependesse de mim, seria 100%”, disse.
Questionado sobre a posição da Fazenda em relação à manutenção da alíquota do IOF sobre o risco sacado, Haddad explicou que a pasta considera essa prática uma operação de crédito comum. Segundo ele, desonerar o risco sacado do IOF privilegiaria grandes empresas em detrimento das menores, o que, na sua visão, não seria justo.
Importante destacar que o risco sacado compõe apenas 10% do decreto, mas sua exclusão pode representar uma perda de R$ 1,2 bilhão em arrecadação para o governo.
O ministro também se mostrou confiante quanto à natureza da decisão que deve ser tomada pelo STF. “Acredito que será uma decisão rápida, convergente com os interesses do país”, afirmou.
Audiência no STF e Repercussão
As declarações de Haddad foram feitas após uma audiência de conciliação promovida pelo STF, que convocou representantes dos Três Poderes para discutir a constitucionalidade do decreto do IOF. A reunião, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, terminou sem um consenso entre os participantes.
Estiveram presentes representantes da Advocacia-Geral da União (AGU), da Procuradoria-Geral da República (PGR), do Ministério da Fazenda, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, além de advogados dos partidos PL e PSOL, que questionam a medida. O Senado chegou a pleitear mais tempo para negociações, mas, devido à liminar que suspendeu parcialmente os efeitos do decreto, prevaleceu a visão de que a decisão deve ser judicial.
“Apesar da relevância do diálogo e da iniciativa desta audiência, decidimos aguardar a deliberação do Judiciário”, afirmaram os representantes, conforme registrado no termo oficial da reunião. Moraes, por sua vez, enviou os autos para uma decisão final, sem agendar uma nova audiência.
Controvérsias em Torno do Decreto
A ampliação da cobrança do IOF sobre operações de crédito, incluindo o risco sacado — uma prática comum onde empresas antecipam pagamentos de fornecedores via instituições financeiras — é um ponto polêmico. A oposição critica o governo, alegando que ele extrapolou sua autoridade ao interferir em questões que deveriam ser discutidas pelo Congresso. O governo, no entanto, defende que a cobrança é legítima e essencial para sustentar a arrecadação, que tem um impacto fiscal significativo.
Atualmente, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a eficácia do decreto e deverá emitir uma decisão definitiva sobre sua legalidade em breve. A expectativa acerca desta deliberação continua alta entre os stakeholders envolvidos.