**Grupo Invasor Liberta Gado Apreendido em Frigorífico no acre**
Na madrugada de terça-feira, dia 17, um incidente alarmante ocorreu no município de Brasileia, interior do acre, quando um grupo ainda não identificado invadiu o frigorífico Norte Carnes e libertou aproximadamente 137 cabeças de gado. Esses animais estavam sob custódia judicial, após serem apreendidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) durante a Operação Suçuarana, uma iniciativa em andamento na Reserva Extrativista Chico Mendes. A ação visa coibir a criação ilegal de gado em áreas protegidas.
A confirmação da invasão foi feita pelo ICMBio, que declarou: “Houve sim a invasão ao frigorífico. Roubaram o gado apreendido”. A apreensão dos animais foi determinada pela Justiça Federal, em resposta a ações legais contra a criação de gado em terras embargadas ou griladas. Segundo a decisão judicial, o rebanho deve ser removido e direcionado para o abate, como uma medida para desmantelar as atividades ilegais na região.
O frigorífico Norte Carnes, que estava realizando o abate dos animais apreendidos, se disse surpreso com a invasão e esclareceu em uma nota que “não compactua com os fatos ocorridos na Operação Suçuarana”. A empresa destacou que recebeu os gados sob uma ordem judicial, mas, desde então, seus funcionários têm enfrentado ameaças e pressão devido à situação. O gerente do frigorífico expressou sua indignação, afirmando: “Arrombaram o cadeado e levaram os bois. Você acha que eu queria estar matando esse gado aqui, meu irmão? Eu lá quero saber de problema. Nós estamos sendo obrigados a matar isso aqui. Nós estamos sendo obrigados”.
Em resposta ao ocorrido, a Norte Carnes anunciou que não realizará mais abates de gado proveniente dessa operação. A empresa também fez um apelo ao ICMBio, solicitando a retirada dos animais que ainda se encontram em suas instalações. Em um comunicado detalhado, a empresa informou que ficou surpresa ao receber os animais, pois tinha sido informada de que o gado seria transportado para outro frigorífico. No entanto, devido a complicações no transporte, os animais foram levados para sua estrutura, e a empresa não teve alternativa a não ser aceitar a ordem judicial.
A situação gerou um ambiente de tensão, tanto para a empresa quanto para os seus colaboradores, que se tornaram alvos de várias acusações e ameaças após a invasão. A Norte Carnes ressaltou que sua intenção sempre foi agir dentro da lei e que está comprometida em não mais abater o gado relacionado à operação. A empresa reafirmou sua disposição em colaborar com as autoridades para a resolução do impasse e pediu a retirada dos animais que estão sob sua responsabilidade.
Essa ocorrência destaca a complexidade e os desafios enfrentados na preservação do meio ambiente no acre, onde a exploração ilegal de recursos naturais e a criação de gado em áreas protegidas continuam a ser questões críticas. A Operação Suçuarana é um exemplo dos esforços das autoridades em combater essas práticas ilegais, mas também ressalta a necessidade de um diálogo claro entre as instituições responsáveis e as empresas envolvidas, a fim de garantir que a legislação ambiental seja respeitada, sem comprometer a segurança e a integridade dos trabalhadores envolvidos.
A comunidade local e as organizações ambientalistas estão atentas ao desenrolar desse caso, que pode ter implicações significativas para a proteção da biodiversidade e a conservação das reservas naturais da região. A situação é um lembrete da importância de ações coordenadas para enfrentar a exploração ilegal e promover práticas sustentáveis que respeitem tanto a natureza quanto os direitos dos trabalhadores. O que aconteceu no frigorífico Norte Carnes é um ponto de partida para discussões mais amplas sobre a conservação ambiental e a necessidade de um comprometimento coletivo em prol do futuro sustentável do acre.