Desafios diários na educação indígena
No coração do Acre, professores e alunos da Escola Estadual Indígena Nia Ibu Isaka, situada na Aldeia Belo Monte, estão enfrentando uma realidade preocupante. Relatos indicam que a estrutura da escola, localizada às margens do rio Envira, é totalmente inadequada, funcionando em um espaço improvisado cedido pela própria comunidade. De acordo com os educadores e estudantes, as condições são tão precárias que, em dias de chuva, é mais comum encontrar água dentro da escola do que fora.
A estudante Claudenira Mariano expressa a frustração da comunidade: ‘O acesso à escola já é difícil, e quando chove, o ramal fica impossível. Pedimos uma reforma urgente. Precisamos de um espaço digno para estudar e ensinar’. O professor Vaulino Byxku Nunes Ferreira, que leciona química, artes e biologia, também reforça a necessidade de melhorias, destacando: ‘Chove muito dentro da escola. Às vezes, liberamos os alunos mais cedo por conta da chuva’.
Logística complicada e distância
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Fonte: agazetadorio.com.br
A unidade escolar abriga 64 alunos do ensino médio, todos indígenas, e conta com apenas cinco professores, que enfrentam longas distâncias todos os dias. São 12 aldeias ao total, e muitas vezes o único acesso é por barco durante o inverno. ‘A escola foi criada em 2013, mas o sonho de ter um prédio próprio ainda está distante’, lamenta o professor Vaulino. Segundo a Secretaria de Estado de Educação (SEE), uma construção está prevista para 2026, mas o cronograma já é incerto devido às chuvas.
Os relatos da comunidade revelam que, em alguns dias, os alunos levam até 40 minutos para voltar para casa, e muitos acabam faltando às aulas devido às dificuldades de transporte. ‘Aqueles que conseguem concluir os estudos são verdadeiros guerreiros’, afirma o professor, ressaltando o valor educacional na preservação da cultura Huni Kui.
Condições ainda mais desafiadoras em outras escolas
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Fonte: amapainforma.com.br
Outra unidade, a Escola Txana Huni Keneya, localizada na aldeia Novo Natal, enfrenta desafios ainda maiores. Fundada em 2017, a escola não possui infraestrutura adequada. O cacique Ivanildo comenta: ‘Desde o início não recebemos suporte do estado e, após um temporal, tivemos que improvisar um espaço no meio da mata. Aqui, a situação é crítica’.
Com apenas cinco professores trabalhando em condições precárias, a unidade também lida com a falta de merenda escolar. ‘Tiramos do nosso bolso para ajudar na alimentação dos alunos’, desabafa Ivanildo. A SEE confirma que a construção de uma nova escola no local está prevista para 2026, mas a espera é longa e angustiante para a comunidade.
Promessas não cumpridas e esperança por mudanças
A insatisfação é palpável entre os moradores. ‘Estamos cansados de promessas. Queremos um espaço digno para nossos alunos aprenderem’, desabafa Ivanildo. Atualmente, a região Huni Kui conta com seis escolas estaduais, mas todas enfrentam problemas semelhantes. A comunidade aguarda que as promessas feitas pelo governo se concretizem e que a educação indígena na região receba a atenção que merece.
Nota da Secretaria de Educação
Em nota oficial, a SEE reafirmou que a construção das escolas Nia Ibu Isaka e Txana Huni Keneya estão previstas no Plano de Contratações Anual (PCA) de 2026. A secretaria também afirmou que está ciente da situação e que as adaptações temporárias nas escolas serão realizadas para minimizar o impacto na educação dos alunos enquanto a nova infraestrutura não é finalizada.