Aumento Significativo nas Emendas Parlamentares
Um relatório recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na última terça-feira (13 de agosto), revelou um expressivo aumento nos recursos destinados à saúde no Acre por meio de emendas parlamentares. Os dados mostram que o investimento saltou de R$ 194 milhões em 2019 para R$ 663 milhões em 2024, representando um crescimento superior a 240%. Esse aumento coloca o estado em uma posição de destaque entre os que mais ampliaram seus investimentos na saúde pública no Brasil, ao lado de Amapá e Roraima.
Analisando os números de forma mais detalhada, observa-se que:
- 2019: R$ 194,7 milhões
- 2020: R$ 218,2 milhões
- 2021: R$ 216,5 milhões (leve queda)
- 2022: R$ 235,6 milhões
- 2023: R$ 231,6 milhões
- 2024: R$ 663,7 milhões (maior aumento)
Desigualdade Regional na Distribuição de Recursos
O estudo também revelou uma acentuada desigualdade na distribuição dos recursos da saúde entre os estados. Enquanto o Acre e outros estados das regiões Norte e Nordeste experimentaram aumentos significativos, estados como São Paulo e Santa Catarina registraram os menores crescimentos, com aumentos de apenas 28% e 49%, respectivamente. Em 2024, o limite de investimento per capita no Acre alcançou R$ 700 por habitante, contradizendo o que é observado em São Paulo, onde o valor fica em apenas R$ 369, menos da metade.
Foco em Hospitais Públicos e a Ausência de Apoio a Entidades Privadas
O relatório do Ipea destaca que, com exceção do senador Márcio Bittar, do União Brasil, que alocou 0,1% dos recursos para a Santa Casa da Amazônia em 2021, a maioria dos parlamentares acreanos não direcionou emendas para instituições privadas sem fins lucrativos. A maior parte do financiamento foi destinada a instituições públicas, levantando questões sobre a equidade no acesso aos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Críticas e Necessidade de Reavaliação da Metodologia
Os dados também suscitam críticas sobre a distribuição desigual dos recursos. O estudo do Ipea aponta que as mudanças na metodologia adotadas em 2024 ampliaram as disparidades entre os estados. Enquanto em 2023 a diferença entre o maior e o menor limite per capita era de R$ 124, em 2024 esse número disparou para R$ 419.
Isso levanta a urgência de um debate mais profundo acerca dos critérios utilizados para a alocação dos recursos do SUS. Especialistas salientam a importância de discutir como algumas regiões acabam recebendo até o dobro do que outras em investimentos por habitante, o que pode impactar profundamente a qualidade dos serviços de saúde prestados.