Desafios Internos Persistem
Em um contexto de crescente tensão comercial com os Estados Unidos e fraqueza nos setores de investimentos, produção industrial e vendas no varejo, a economia chinesa enfrenta um momento delicado. Mesmo com um aumento nas exportações, os dados esperados do Escritório Nacional de Estatísticas da China, que serão divulgados na próxima segunda-feira, indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer apenas 4,7% no terceiro trimestre em comparação ao mesmo período do ano anterior — um resultado abaixo dos 5,2% registrados no trimestre passado.
O clima econômico é afetado por uma série de fatores, incluindo o impacto das tarifas impostas durante a administração Trump, que resultaram em um aumento expressivo nas exportações chinesas, mas que não foram suficientes para sustentar a saúde econômica interna do país. As vendas no varejo, por exemplo, apresentam um crescimento limitado de apenas 3% em setembro, enquanto a produção industrial deve ter avançado apenas 5% — ambos os números representam os resultados mais fracos do ano.
Além disso, os investimentos em ativos fixos parecem ter estagnado nos primeiros nove meses de 2025, comparados ao mesmo período de 2024. Essa queda nos investimentos tem sido uma tendência desde maio, mesmo com a ampliação dos empréstimos governamentais que visam estimular o gasto das autoridades locais.
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Fonte: feirinhadesantana.com.br
Investimentos Estrangeiros em Declínio
O cenário não é promissor para os investidores estrangeiros, que têm diminuído seus aportes na China. Os dados recentes mostram que os investimentos estrangeiros diretos caíram quase 13% nos primeiros oito meses deste ano, o que sugere que a China está a caminho de registrar três anos consecutivos de retração nesse indicador tão crucial.
No entanto, nem tudo está perdido. Um ponto que destaca uma luz no fim do túnel é a demanda externa. O superávit da balança comercial de bens atingiu um nível histórico, alcançando US$ 875 bilhões até o momento em 2025, conforme indicam os dados mais atualizados.
Próximas Etapas e Desafios Estruturais
A fragilidade da economia chinesa deverá ser um tema central na próxima reunião do partido, conhecida como quarto plenário, marcada para ocorrer em Pequim. Nesse encontro, devem ser definidas as prioridades para o novo plano quinquenal (2026–2030), em resposta às solicitações de governos e investidores globais por uma reorientação da economia em direção ao consumo interno.
Um especialista, que pediu para não ser identificado, comentou que “Pequim agora se depara com obstáculos estruturais profundos, desde a fraqueza dos motores de crescimento até a crise prolongada no setor imobiliário e a persistência da deflação” — desafios muito diferentes das dificuldades temporárias enfrentadas durante a pandemia, que marcaram o último plano quinquenal.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve sua previsão de crescimento para a China em 2025 em 4,8%, mas espera uma desaceleração para 4,2% em 2026. Isso está alinhado com as previsões medianas feitas por economistas consultados pela Bloomberg. O FMI alertou que as “perspectivas para a China continuam fracas”, destacando que o investimento em imóveis continua em queda, enquanto a economia se encontra à beira de um ciclo de dívida e deflação.
O FMI sugeriu que um reequilíbrio em direção ao consumo das famílias, juntamente com medidas fiscais que priorizem gastos sociais e o setor imobiliário, poderia ajudar a reduzir os superávits externos e aliviar as pressões deflacionárias internas que afetam a economia.