Servidores da Polícia Penal Enfrentam Colapso
A situação crítica dos policiais penais no Acre está sendo amplamente discutida, especialmente após uma série de tragédias que evidenciam o descaso do Estado com a categoria. Na última sexta-feira, Edmilson Mourão, um policial penal, foi encontrado morto em sua residência, após relatar problemas de saúde que o afastaram do trabalho. Ele havia retornado à atividade, mesmo adoecido, devido à pressão financeira que enfrentava.
Outros casos alarmantes também vêm à tona. Um colega de Edmilson, que decidiu denunciar perseguições que sofria, acabou internado após uma tentativa de suicídio e, atualmente, se alimenta por sonda. A terceira tragédia envolveu um servidor que foi encontrado sem vida na estrada de Porto Acre; ele também lidava com problemas de saúde e se sentia abandonado pelo sistema.
A Gravidade da Situação
A situação se torna ainda mais preocupante com a inatividade de novos servidores. Embora tenha sido realizado um concurso para a Polícia Penal, os aprovados ainda aguardam convocação, sem previsão para a chamada. Enquanto isso, os policiais penais que estão em exercício se veem sobrecarregados, lidando com a pressão do trabalho e problemas de saúde, tudo isso sem o reconhecimento devido.
“Antes, enterrávamos colegas assassinados por facções. Agora, estamos sepultando companheiros que foram vítimas do fracasso do sistema, que adoece e abandona os próprios servidores”, desabafou Janes Peteca, secretário-geral dos Servidores Públicos do Acre e ex-presidente da Associação dos Servidores do Sistema Penitenciário.
Pela sua parte, Janes Peteca revela que está afastado há 150 dias devido a uma cirurgia e nunca recebeu visita ou assistência do órgão responsável. “Estamos esquecidos, doentes e sem amparo”, denuncia ele, refletindo a voz de muitos colegas que se sentem em situação semelhante.
Chamado à Ação
Joelison Ramos, ex-presidente do Sindicato dos Policiais Penais do Acre e atual diretor da FENASPEN (Federação Nacional dos Policiais Penais), reforça a urgência da situação. “A Polícia Penal do Acre está adoecida, sofre perseguições e carece de condições mínimas de trabalho. Precisamos de mais efetivo, valorização e, acima de tudo, respeito à vida dos servidores”, enfatiza.
Os líderes da categoria, preocupados com a falta de visibilidade sobre suas condições, pedem que a imprensa local e nacional cumpra seu papel de informar a sociedade sobre a realidade da Polícia Penal do Acre. “Estamos pedindo espaço para que possamos compartilhar nossa situação e buscar o apoio da população”, afirmam.
Além disso, o apelo é feito diretamente ao governador Gladson Cameli. Se não houver resposta adequada, os representantes da categoria afirmam que entrarão em contato com a mídia nacional, o Ministério dos Direitos Humanos e organizações internacionais, na esperança de que suas vozes sejam ouvidas.
“Não podemos aceitar que vidas continuem sendo perdidas por descaso e abandono. O Acre precisa olhar com urgência para a sua Polícia Penal”, concluem os dirigentes, ressaltando a urgência de agir por melhores condições e a valorização da profissão.