Crises em Terras Indígenas do Acre
No último ano, o Acre enfrentou quatro conflitos significativos em terras indígenas, conforme aponta o relatório recente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), divulgado na última segunda-feira, dia 28. Um dos episódios mais preocupantes ocorreu na terra Campinas, onde habita o povo Katukina. Este conflito surgiu a partir da construção de uma linha de transmissão de energia que conecta Rio Branco a Cruzeiro do Sul, atravessando, assim, o território tradicional dos Katukina.
Segundo o relatório, os Katukina denunciou irregularidades graves, como a derrubada de aproximadamente 100 árvores de samaúma, uma espécie considerada sagrada por essa comunidade. O cenário de tensão atingiu seu ápice em março do ano passado, quando uma equipe composta por representantes do Ministério Público Federal (MPF), do Ibama e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) tentou acessar a área e foi impedida de sair até que soluções adequadas fossem apresentadas.
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Após intensas negociações, no mês seguinte, o MPF intermediou o diálogo e os empresários envolvidos concordaram em assinar um termo de ajustamento de conduta (TAC), permitindo que as obras fossem retomadas.
Narcotráfico e Ameaças nas Comunidades Indígenas
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Outro conflito alarmante relatado no estudo ocorreu na terra indígena Kaxinawá do Baixo Rio Jordão. Ali, o povo Huni Kui denunciou a presença de narcotraficantes que estariam ameaçando líderes comunitários. Esses criminosos, supostamente vinculados a facções, teriam usado o território como uma rota de tráfico, gerando um cenário de medo e insegurança entre os indígenas. Diante da gravidade da situação, os Huni Kui chegaram a solicitar ajuda imediata à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
O Cimi destaca que essa questão não se limita apenas à presença do tráfico, mas também desencadeia problemas sociais graves, como a disseminação e o consumo de drogas nas comunidades. Em seu depoimento, um filho de um cacique, cuja identidade foi preservada, mencionou: “As facções entraram de forma agressiva, está fora de controle, com muitas pessoas traficando à noite, fazendo ameaças. Estamos enfrentando invasões, e já perdemos familiares devido a esse problema.”
Os outros dois conflitos mencionados no relatório aconteceram na terra indígena Kaxinawá do Seringal Curralinho, onde foram relatados casos de caça ilegal, ameaças à segurança, danos ambientais e desmatamento. Esses episódios revelam um panorama preocupante sobre a proteção dos direitos dos povos indígenas no Acre e a necessidade urgente de uma intervenção adequada para garantir a segurança e a preservação de seus territórios.