Um novo horizonte para a cafeicultura na Amazônia
Localizado no Vale do Juruá, o recém-inaugurado Complexo Industrial do Café em Mâncio Lima representa um importante avanço para a agricultura familiar na região. Com um investimento total de R$ 10 milhões, o complexo não apenas promove o cooperativismo, mas também se destaca como um exemplo de bioeconomia sustentável, agregando valor ao café produzido localmente. O projeto é uma realização da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em colaboração com a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé), buscando estabelecer uma conexão direta entre os pequenos agricultores e o mercado.
A proposta do complexo é clara: transformar o café cultivado na região em uma fonte de renda estável e sustentável, ao mesmo tempo em que respeita e valoriza a floresta amazônica. Integrado ao projeto Café Amazônia Sustentável, o Complexo Industrial se dedica ao beneficiamento e rebeneficiamento de grãos, melhorando a qualidade do produto final e, consequentemente, a renda dos agricultores.
O espaço é um reflexo do potencial de inovação e desenvolvimento que a cafeicultura pode trazer para a região. Com um maquinário moderno e uma capacidade produtiva de 20 mil sacas por safra, o complexo tem atraído a atenção de pequenos produtores que buscam maximizar seus ganhos e expandir suas operações.
Um impacto direto na vida dos agricultores
Desde a inauguração, o Complexo Industrial já gerou aproximadamente 2 mil empregos diretos e indiretos, um fato que não passa despercebido pelos moradores da região. O presidente da Coopercafé, Jonas Lima, destacou que a iniciativa traz uma segurança sem precedentes para os produtores: “Agora, quem cuida da colheita do café tem a certeza de que há uma indústria pronta para transformar seu trabalho em produto”. Esse tipo de garantia é fundamental para o fortalecimento da agricultura familiar, que é a espinha dorsal da economia local.
O Complexo possui um modelo cooperativista que já atraiu 182 cooperados, com mais de 50 agricultores na fila para aderir ao projeto. Essa demanda crescente reflete o interesse genuíno pela produção de café de qualidade e pela integração dos princípios de sustentabilidade e economia solidária. O beneficiamento do café, que envolve processos como secagem e classificação, é um dos pilares do complexo, assegurando que cada grão atenda aos padrões exigidos pelo mercado.
Transformação social e econômica no Juruá
O impacto econômico do Complexo Industrial vai além da produção. Historicamente, a região do Juruá tem enfrentado desafios significativos, mas a cafeicultura está emergindo como uma solução viável. Cada lote de café é rastreado, permitindo seguir sua trajetória e garantindo a transparência ao consumidor. Essa rastreabilidade é um diferencial no mercado, ampliando a valorização do produto e fortalecendo a marca local.
A cafeicultura no Juruá está, sem dúvida, em ascensão. Com mais de 5,1 milhões de pés de café plantados, a projeção é colher mais de 1,5 mil hectares até 2027. Presidentes de cooperativas, como Jonas Lima, acreditam que essa expansão é resultado dos investimentos contínuos em infraestrutura, capacitação e fortalecimento da cadeia produtiva. No campo, a colheita envolve a participação de muitas famílias, incluindo histórias de superação e de união, como a de Izoneide de Souza e sua filha, que veem no café não apenas uma fonte de renda, mas uma oportunidade de crescimento e aprendizado.
Práticas sustentáveis e o futuro da cafeicultura
Outro aspecto fundamental do Complexo Industrial é seu compromisso com a sustentabilidade. Operando com energia 100% renovável e utilizando tecnologias que minimizam o impacto ambiental, o complexo se destaca como um exemplo a ser seguido. A abordagem respeitosa ao meio ambiente demonstra que é possível produzir de maneira sustentável, sem abrir mão da qualidade e da rentabilidade.
O governo do Acre tem atuado como um parceiro essencial nesse processo, oferecendo suporte logístico e promovendo a formação de parcerias estratégicas. Além disso, iniciativas como o concurso de qualidade do café têm ajudado a colocar o Acre em destaque nacionalmente, ressaltando a qualidade do café produzido na região.
Pela valorização da tradição e do futuro
O café no Acre vai além de uma simples cultura; ele é um símbolo de identidade e resiliência. Em Mâncio Lima, essa tradição se reinventa a cada nova colheita, com o Complexo Industrial do Café servindo como um catalisador para a economia local e um farol de esperança para os agricultores. Com o apoio contínuo de iniciativas governamentais e o engajamento das comunidades locais, o futuro da cafeicultura no Juruá parece promissor e cheio de oportunidades.