Ranking revela desigualdade nas coberturas de saúde no Acre
Um levantamento recente do Ranking de Competitividade dos Municípios 2025, realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), evidencia que o Acre se destaca como um dos estados com o menor acesso a planos e seguros de saúde. De um total de 450 municípios nas sete unidades da região Norte, apenas as duas principais cidades do estado figuram na lista, ambas em posições bastante baixas.
Rio Branco ocupa a 16ª posição na classificação regional e a 343ª no âmbito nacional, enquanto Cruzeiro do Sul, localizada no interior, está na 30ª posição regional e na 411ª nacional. Os dados são preocupantes: a capital apresenta apenas 10,2% de cobertura de planos de saúde entre a população, enquanto a segunda cidade do estado conta apenas com 1,7% de usuários de serviços privados.
O estudo utilizou como base informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), considerando todos os tipos de contratos de planos de saúde, incluindo opções individuais, familiares e coletivos. Segundo a ANS, o número de beneficiários de planos de saúde no Acre alcançou 46.987 em outubro deste ano, um número que reflete a escassez de opções de atendimento.
A ANS também informa que o estado abriga cerca de 704 operadoras de serviços de saúde privada em operação, mas ainda assim, a cobertura efetiva permanece alarmantemente baixa.
Desigualdade no acesso à saúde e suas consequências
A pesquisa do CLP avaliou a saúde suplementar, que serve como um complemento ao Sistema Único de Saúde (SUS). No âmbito regional, Canaã dos Carajás, no Pará, se destaca como o município com melhor desempenho, ocupando a 74ª posição no ranking geral. Em contrapartida, Cametá, também no Pará, apresenta o pior resultado na região, figurando na 418ª colocação, apenas sete posições abaixo de Cruzeiro do Sul.
A realidade enfrentada por muitos usuários é a busca por planos de saúde que ofereçam uma menor espera por atendimentos médicos. A dona de casa Rosinele Soares da Silva, de 60 anos, contou que optou por um plano de saúde devido à longa espera por consultas nos postos públicos. “A maior escolha foi por causa da falta de tempo para ser atendida por um médico no posto aqui do bairro. Pago um preço até baixo e ainda sou atendida por um especialista”, relatou.
Rosinele também compartilhou sua experiência negativa ao esperar por três horas por atendimento na UPA de Rio Branco em 2024, quando precisava de cuidados para diabetes. “Ano passado tive um mal súbito, cheguei na UPA passando mal e, mesmo assim, tive que esperar três horas para ser atendida no ambulatório”, desabafou.
A situação no Acre se torna ainda mais crítica, já que, segundo levantamentos, há sete cidades no estado que não possuem médicos privados, dependendo exclusivamente do SUS, o que torna a busca por alternativas de saúde ainda mais necessária. Essa realidade ressalta a importância de um debate sobre a qualidade e a acessibilidade dos serviços de saúde no estado.
Reflexão sobre a saúde no Acre
As condições de saúde na região exigem um olhar atento de autoridades e gestores, pois a saúde é um direito fundamental de todos os cidadãos. Com um número crescente de beneficiários de planos de saúde, ainda é notável a realidade de que muitos acreanos enfrentam dificuldades para obter atendimento adequado e rápido.
A pesquisa do CLP revela a urgência em se discutir políticas públicas que promovam melhoras no acesso à saúde suplementar, além de um fortalecimento do SUS, que é o principal sistema de saúde pública do Brasil. A desigualdade no acesso à saúde é uma questão que não pode ser ignorada e que necessita de ações efetivas para garantir que todos, independentemente de sua localização geográfica, tenham direito a cuidados médicos de qualidade.
