Como uma ordem judicial impacta o jornalismo investigativo
Um grande proprietário rural, alvo de investigações por parte da Polícia Federal, impôs uma censura ao site Intercept Brasil, resultando em mais um episódio de restrição à liberdade de imprensa. A identidade desse fazendeiro, que supostamente está envolvido em atividades ilícitas, permanece em sigilo, uma situação que levanta sérias preocupações sobre a liberdade de expressão no país.
Recentemente, o Tribunal de Justiça do Acre emitiu uma nova ordem que não apenas obrigou a remoção de uma reportagem crítica, mas também proibiu a divulgação do nome do latifundiário que moveu a ação. Essa é a segunda vez que o Intercept é alvo de censura por parte da justiça acreana, e o novo despacho é ainda mais severo que o anterior.
Na primeira ocasião, a plataforma foi forçada a retirar do ar duas matérias. Agora, além de retirar uma terceira, a ordem judicial bloqueia qualquer menção aos autores do processo, independentemente das alegações que fundamentavam as reportagens. Essa situação se arrasta há mais de um ano, levantando questionamentos sobre a durabilidade desse tipo de limitação judicial.
Do nosso ponto de vista, essa decisão representa uma violação clara da Constituição e um risco elevado para todos nós. Se esse tipo de precedente se consolidar, o futuro do jornalismo investigativo no Brasil estará em sério risco.
Para ilustrar as possíveis consequências, pense nas implicações da operação Vaza Jato, que poderia ter permanecido no silêncio se decisões como essa fossem prevalecentes. Sem a capacidade de investigar e reportar, a verdade seria facilmente obscurecida. É preocupante imaginar como figuras proeminentes poderiam ainda estar no poder, como Bolsonaro e Deltan Dallagnol, sem o escrutínio da imprensa.
A liberdade de imprensa é um dos pilares fundamentais da democracia, atuando como um controle essencial sobre o poder. O jornalismo aponta abusos e força as autoridades a prestar contas. Sem esse trabalho, a atuação governamental poderia ocorrer exclusivamente em segredo. O Intercept se compromete a lutar contra essa censura e pelo direito de publicar suas reportagens. Contudo, essa batalha é custosa e exigirá apoio financeiro da comunidade, com contribuições a partir de R$ 20.
A narrativa começou em 2024, quando o Intercept Brasil publicou duas reportagens denunciando crimes relacionados a esse latifundiário influente politicamente. Ao se ver ameaçado, ele buscou a justiça para silenciar a equipe jornalística. Sabemos que a luta pela liberdade de expressão é árdua, e reiteramos nosso compromisso em não recuar diante da censura. Publicamos um editorial denunciando o ataque à liberdade de imprensa, que representa um risco para todos.
Seguimos adiante, realizando o que fazemos de melhor: jornalismo investigativo. Publicamos novas informações obtidas através da Polícia Federal, reveladas em um relatório judicial que envolve o fazendeiro e sua família. A consciência do risco existente foi compartilhada com nossos leitores, que sabem que há muitos que preferem que certas verdades sejam mantidas sob silêncio. O juiz, desta vez, aceitou o pedido de censura, impondo uma restrição prévia que é inaceitável.
Até mesmo nosso editorial que criticava a censura anterior foi censurado. A situação se torna quase cômica, se não fosse tão alarmante e preocupante.
Defendemos cada declaração realizada em nossas reportagens, todas elas sustentadas por uma investigação meticulosa da Polícia Federal, que foi revisada para garantir a precisão de cada fato apresentado. Embora muitos detalhes sobre o caso sejam de conhecimento público e facilmente acessíveis, por conta da censura, o Intercept não pode compartilhar essa informação atualmente.
Estamos determinados a lutar até que essas decisões inconstitucionais sejam revertidas. Essa jornada não será fácil nem barata.
A equipe do Intercept Brasil tem trabalhado arduamente, tanto no campo do jornalismo quanto na arena judicial, para garantir que essa história absurda, que ocorre na região mais conflituosa da Amazônia, chegue ao conhecimento do público. Não desistiremos, pois sabemos que esse tipo de jornalismo é vital e pode, de fato, salvar vidas.
Agora, precisamos urgentemente do seu apoio para garantir que possamos continuar essa luta. É hora de defender a Constituição brasileira. Compartilhe essa mensagem e considere fazer uma contribuição de qualquer valor hoje, antes que este editorial também seja censurado.
