**Câmara dos Deputados Aprova urgência para projeto que Revoga aumento do IOF**
Na noite desta segunda-feira, 16 de junho, o plenário da Câmara dos Deputados decidiu aprovar a urgência de um projeto de lei que visa suspender o decreto que elevou as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Com essa aprovação, a proposta será analisada diretamente em plenário, dispensando a tramitação pelas comissões habituais. O requerimento para a urgência da matéria obteve 346 votos favoráveis, enquanto 97 deputados se manifestaram contra a medida.
A aprovação dessa urgência se dá em um contexto de tensão entre o Legislativo e o Executivo, gerada pela recente elevação das alíquotas do IOF. Apesar da urgência aprovada, não há uma data definida para que o mérito da proposta seja discutido e votado na Câmara Baixa.
Nos últimos dias, o presidente da Câmara, Hugo Motta, se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros do governo. Antes da votação, Motta informou a jornalistas que o governo se comprometeu a apresentar propostas para cortar despesas, mas não ofereceu garantias de que reconsideraria o decreto do IOF. Essa situação reflete a complexidade do cenário político atual, onde a necessidade de arrecadação fiscal se choca com a pressão por medidas que aliviem a carga tributária sobre a população e o mercado.
O aumento das alíquotas do IOF foi anunciado pelo governo no final de maio como parte de uma estratégia para arrecadar R$ 20 bilhões adicionais e cumprir as metas fiscais estabelecidas para o ano. No entanto, essa medida provocou uma reação negativa tanto do mercado financeiro quanto de membros do Congresso, que exigiram uma revisão da proposta. Como resultado das pressões, ficou decidido que o governo apresentaria uma redução do aumento e enviaria uma medida provisória com alternativas de arrecadação.
Diante deste cenário, o governo introduziu um pacote de medidas fiscais com o intuito de mitigar os efeitos da elevação das alíquotas do IOF, garantindo assim o controle do déficit fiscal. As principais propostas incluem:
– Cobrança de uma alíquota de 5% sobre títulos isentos de Imposto de Renda, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
– Redução em 10% dos benefícios tributários atualmente concedidos.
– aumento da taxação sobre as apostas de 12% para 18%.
– Eliminação da taxa de 9% da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) aplicada às empresas, que atualmente possui alíquotas de 9%, 15% e 20%.
– Estabelecimento de uma alíquota fixa de 17,5% para o Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras, que atualmente varia de 15% a 22,5% de acordo com o prazo de investimento.
– Elevação da cobrança do Imposto de Renda sobre a distribuição dos “juros sobre capital próprio” (JCP) de 15% para 20%.
Entretanto, após a reunião com os ministros, o presidente da Câmara, Hugo Motta, mudou seu tom em relação ao pacote fiscal, que antes havia considerado “histórico”. Ele começou a criticar a proposta e não garantiu a aprovação das medidas, o que alimentou a oposição. Com o apoio de alguns deputados da base governista, a oposição se mobilizou em defesa da aprovação de um projeto de decreto legislativo que visa revogar as recentes elevações das alíquotas do IOF.
Após uma reunião entre os líderes partidários, Motta anunciou que pautaria a urgência do projeto que revogaria o aumento do IOF, mesmo diante do recuo do Ministério da Fazenda em relação à cobrança. Esse movimento reflete não apenas a pressão política, mas também a crescente insatisfação com as medidas fiscais que impactam diretamente a vida dos cidadãos e a economia como um todo. A situação continua em desenvolvimento, e os próximos passos do Legislativo devem ser acompanhados de perto, visto que a resposta do governo e a reação do mercado poderão influenciar significativamente a condução das políticas fiscais no país.