A animação ‘O Menino e o Rio’ e suas raízes culturais
A animação ‘O Menino e o Rio’, criada por alunos do curso técnico de audiovisual do Instituto Estadual de Educação Profissional e Tecnológica (Ieptec) em Rio Branco, foi selecionada para representar o Acre na 5ª edição da Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica, que acontece em Brasília entre os dias 7 e 9 de outubro. O evento, que aborda o tema “Juventudes que inovam, Brasil que avança”, visa promover a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) no Brasil, destacando iniciativas inovadoras no campo educacional.
O projeto, realizado por uma turma de 23 alunos das escolas estaduais Pedro Martinello e Armando Nogueira, é orientado pela professora e coordenadora Priscila Cristina. Ela ressaltou a importância da animação para expressar a cultura local e as experiências vividas pelos jovens.
Inspirado em Teddy Falcão, um ícone acreano
‘O Menino e o Rio’ retrata a infância do cineasta acreano Teddy Falcão, focando nas memórias que ele compartilhou com seu pai à beira do Rio Acre. O curta-metragem ilustra conversas sobre momentos significativos, como as alagações e a vida na Gameleira, um bairro central da capital. O filme, que promete emocionar os acreanos, será lançado em breve.
A professora Priscila enfatizou que o projeto começou nas aulas de audiovisual, onde os alunos puderam explorar diferentes módulos, incluindo edição e roteiro. “Percebi o talento e a vontade dos alunos de desenhar e criar. Assim, decidimos desenvolver uma animação em stop motion que combinasse o trabalho manual deles com a fotografia”, disse.
Técnicas de animação em destaque
O método stop motion foi escolhido pela sua capacidade de criar a sensação de movimento a partir de fotografias sequenciais de objetos e personagens em pequenas mudanças de posição. Maria Aparecida, uma das estudantes envolvidas no projeto, explicou que optaram por esse estilo tanto pela praticidade quanto pela estética única que ele proporciona.
Os desenhos foram feitos com tintas aquareladas, utilizando pigmentos naturais de materiais da região, demonstrando um cuidado com o meio ambiente e uma conexão ainda mais forte com a cultura acreana. “Pintei um cenário inteiro e foi uma experiência única. Havia ansiedade, mas também uma expectativa de que as pessoas vissem a beleza do nosso trabalho. Essa conexão que sentimos é algo especial”, compartilhou a aluna.
Etapas do projeto: da ideia à execução
O desenvolvimento do projeto foi dividido em três fases principais: pré-produção, com a elaboração de roteiros; gravação, quando foram feitos os desenhos; e pós-produção, que incluiu a edição do filme. Priscila destacou que todo o trabalho foi gerido pelos estudantes, com orientações e apoio dos professores, mas a criação, pintura e produção foram realizadas por eles.
“Os alunos se dedicaram integralmente, desenhando, pintando e até criando suas próprias tintas com ajuda da oficineira Rose Nobre. A edição e a fotografia também foram de responsabilidade deles”, comentou a professora, ressaltando o entusiasmo e a dedicação do grupo durante todo o processo.
A conexão com as histórias locais
Maria Aparecida também compartilhou que a turma se sentiu profundamente conectada com a história do projeto, especialmente devido às experiências de vida de seus próprios familiares. “Meu avô, por exemplo, era ribeirinho, e ouvir suas histórias me faz sentir que estamos dando vida a uma realidade que é nossa”, disse ela, destacando a relevância do tema para a identidade dos jovens criadores.
Um evento de destaque para a educação
A 5ª edição da Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica também integra o Festival Internacional de Inovação e Sustentabilidade da Indústria – Curicaca, promovido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Os alunos do curso de audiovisual, junto com a professora Priscila e o estudante Vítor Ian, estão representando o Acre no evento, apresentando o filme na Arena BRB Mané Garrincha e realizando atividades interativas com os materiais usados nas gravações.
“Sinto-me honrado em levar o trabalho coletivo e o esforço de todos. É gratificante saber que nossa animação pode impactar além das águas do nosso rio”, afirmou Vitor, que vê a apresentação como uma oportunidade de mostrar a importância da arte na educação. “Queremos que as pessoas entendam que estudar arte tem valor, gera oportunidades e reconhecimento”, concluiu.