Reflexões sobre a Relação entre a Velha Mídia e o Poder Econômico
O debate em torno da corrupção muitas vezes ignora um aspecto crucial: a corrupção estrutural. Essa forma de corrupção não requer malas de dinheiro, mas opera de maneira legal, utilizando resoluções técnicas, atas do Copom e o mercado financeiro. Assim, o rentismo se estabelece dentro das leis, longe das manchetes que frequentemente criticam a corrupção moralista.
A questão que permanece desconfortável é: quem é mais criminoso? Aquele que assalta um banco ou quem cria instituições financeiras para extrair recursos do Estado e da sociedade durante décadas?
Os veículos de comunicação que hoje se colocam como vigilantes desse cenário sempre mantiveram uma relação próxima com fundos de investimento e bancos. Historicamente, eles têm apoiado reformas que favorecem o capital financeiro em detrimento do trabalho, celebrando o desmonte de políticas públicas essenciais e normalizando a financeirização da economia brasileira. Esse fenômeno nunca foi rotulado como um “pacto da impunidade”.
Ao direcionar suas críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), a velha mídia desvia a atenção do verdadeiro foco da questão. Constrói uma narrativa que busca deslegitimar as instituições, preparando o terreno para um embate político. Em um ano marcado por eleições, o que está em jogo não é a ética, mas a preservação de um modelo que garante lucros exorbitantes para uma elite.
Não se pode desconsiderar a importância de uma apuração rigorosa sobre contratos, viagens e potenciais conflitos de interesse envolvendo ministros do STF. A transparência e o controle são fundamentais em uma república. No entanto, esses instrumentos não devem ser utilizados por aqueles que nunca foram rigorosos com suas próprias práticas.
A crítica seletiva, nesse contexto, se mostra uma forma sofisticada de manipulação das informações.
Ao atacar o Judiciário, jornais como Folha, Estadão, Globo e Veja buscam recuperar um papel de árbitros morais que já perderam com o tempo. Contudo, essa tentativa ocorre sem que admitam que são parte interessada na disputa pelo poder e na narrativa que molda o modelo econômico que sufoca o país.
O cidadão comum, que enfrenta as consequências diárias do rentismo, sabe exatamente quem arca com os custos dessa situação. Não são os editoriais de indignação que pagam a conta. São os trabalhadores, os aposentados e os pequenos empresários, que vivem sob o peso de juros exorbitantes e de serviços públicos em crise.
